Locadoras veem demanda aquecida por compartilhamento de carros

Por Vinícius Andrade e Leonardo Lara.

Os presidentes das três principais locadoras de veículos do Brasil acreditam que a mudança de cultura em direção ao compartilhamento de carros manterá a demanda aquecida no setor, à medida que a economia se recupera em 2019.

As ações de Localiza, Movida e Unidas acumulam ganhos de 31%, 19% e 85% em 2018, respectivamente, enquanto o Ibovespa registrou um avanço de 11% no mesmo período. Nenhuma das três tem recomendações de venda e os analistas vêem um potencial de ganho entre 5% e 22% para as empresas nos próximos 12 meses, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O BTG Pactual espera que as fortes taxas de crescimento persistam por mais tempo, em meio à recuperação da demanda corporativa, a ainda baixa penetração de locação no Brasil e o potencial para ganhos adicionais de market share.

Enquanto um governo com uma agenda favorável ao mercado se prepara para assumir em 1º de janeiro de 2019, dados de confiança do consumidor apontam para uma recuperação e a aceleração do crescimento é aguardada para o próximo ano. As empresas do setor, que dependem amplamente da economia doméstica, devem se beneficiar desse cenário, além de contar com o maior aluguel de carros para serviços como o Uber. A Nau Securities estima que cerca de 20% dos alugueis da Unidas e 10% dos alugueis da Localiza são para motoristas de transporte compartilhado.

Renato Franklin, presidente da Movida, acredita que a mudança no comportamento do consumidor – mais disposto a alugar e compartilhar veículos – é um dos fatores que devem sustentar o crescimento do aluguel de carros nos próximos anos. “Há 800.000 carros em locadoras, 50 milhões de carros no Brasil. Essa proporção vai mudar.”

De acordo com Franklin, há espaço para crescimento orgânico no setor. “Nosso nicho é perseguir cada vez mais o varejo, pessoa física, jovem, mobilidade urbana, canais online.”

As três empresas representaram 54% do mercado em receita bruta em 2017. Em dez anos, podem atingir uma participação de mercado combinada de 66%, de acordo com o analista do Bradesco BBI, Victor Mizusaki.

O presidente da Unidas, Luis Fernando Porto, vê agora uma concorrência mais racional no setor, após consolidação – a própria empresa é fruto de união com a Locamerica. “Apesar de continuar uma competição dura, há um racional de precificação”, disse. Independentemente do ambiente macroeconômico, a Unidas espera uma forte demanda até o final de 2019 e deve ampliar sua força de trabalho em até 15% no período, segundo Porto.

Para Eugenio Mattar, co-fundador e CEO da Localiza, ainda há espaço para crescimento em 2019. “A competição obriga as empresas a melhorarem. Se você não melhorar, alguém vai fazer por você, vai tomar o seu cliente.”

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