Loja na Flórida é ligada à suposta lavagem de dinheiro com ouro

Por David Voreacos e Michael Smith.

Violetas é o nome de uma elegante butique de produtos domésticos da chamada “Miracle Mile” de Coral Gables, no subúrbio de Miami. Os consumidores que entram e saem rapidamente por suas portas trancadas encontram uma série de móveis luxuosos e adornos caros, como candelabros Baccarat, talheres Christofle e tigelas de geodes brasileiros roxos.

Mas este não é o único negócio listado lá: a MVP Imports LLC utiliza o mesmo endereço. Segundo promotores dos EUA e do Equador, a empresa participou de uma grande operação na qual contrabandistas sul-americanos e traficantes de drogas lavaram dinheiro por meio da venda de ouro extraído ilegalmente da floresta amazônica.

A MVP Imports, mencionada brevemente em queixas federais contra três ex-funcionários da NTR Metals, teria sido usada como intermediária para centenas de milhões de dólares em compras ilegais de ouro no meio de um distrito de compras suburbano de luxo rodeado de lojas de noivas e uma unidade do salão de beleza Hair Cuttery.

A MVP Imports está registrada em nome de um proeminente empresário local, Jeffrey Himmel, cuja esposa é listada como cofundadora da Violetas. Himmel é listado diversas vezes em registros estaduais como presidente, gerente, membro gerenciador e agente registrado da MVP Import.

A MVP Imports e Himmel não foram acusados. Os EUA não acusam a MVP Imports de ser uma participante consciente da suposta atividade ilegal e Himmel, em si, não foi citado nas queixas contra os funcionários da NTR.

Himmel, 63, não respondeu a diversos pedidos para comentar o assunto, inclusive por meio de uma carta enviada a sua mansão de US$ 6 milhões em uma ilha na Baía Biscayne, perto de Miami Beach. Um assistente confirmou que ele recebeu os pedidos de comentário. Sua esposa também não respondeu.

A MVP Imports era uma engrenagem em um suposto esquema de funcionários da NTR e outras pessoas para transformar dinheiro sujo em ouro, disseram as autoridades. Quadrilhas, contrabandistas e narcotraficantes utilizam dinheiro obtido por vias ilícitas para conseguir o controle de minas na Amazônia peruana, onde exércitos de trabalhadores extraem ouro em condições perigosas, devastando áreas intocadas da floresta, explica a queixa.

No total, a NTR pagou mais de US$ 3,6 bilhões por ouro entre 2012 e 2015, em sua maioria extraído ilegalmente e parte dele usando a MVP Imports como intermediária, segundo as queixas apresentadas ao tribunal federal de Miami. A NTR usou transferências eletrônicas para enviar bilhões de dólares de volta para a América Latina, segundo a queixa.

Trey Gum, conselheiro-geral da NTR, que faz parte da empresa Elemetal, com sede em Dallas, não respondeu aos insistentes pedidos de comentário. A Elemetal informou que está cooperando com os investigadores. A empresa ordenou que a NTR Metals Miami suspendesse os trabalhos com vários países sul-americanos, depois fechou as operações da NTR Metals Miami. Na semana passada, a CME Group e a Associação do Mercado de Lingotes de Londres suspenderam a Elemetal Refining das negociações de futuros de ouro e prata em suas bolsas.

As autoridades equatorianas também ligaram a MVP Imports ao suposto esquema. Em 8 de março, um juiz de Guaiaquil indiciou oito pessoas por lavagem de dinheiro. Elas são acusadas de exportar mais de US$ 550 milhões em ouro para Miami, boa parte supostamente por meio da MVP Imports.

Elas afirmaram que o ouro vinha de fontes autorizadas, quando na verdade era contrabandeado de minas peruanas administradas por criminosos para o Equador, segundo Diana Salazar, procuradora da unidade de lavagem de dinheiro da Procuradoria-Geral do Equador.

“A MVP Imports foi uma das maiores compradoras desse ouro”, disse Salazar, por telefone. “Este é um caso enorme que causou um enorme distúrbio político e econômico no Equador.” A MVP Imports não é alvo da investigação equatoriana, disse Salazar.

Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.

Agende uma demo.