M&A agrícola da Glencore está parado por preços de venda irreais

Por Agnieszka de Sousa e Isis Almeida.

A Glencore viu potenciais aquisições agrícolas estagnarem neste ano porque os vendedores exigiram preços muito altos, sinal de que a falta de realismo no setor está impedindo uma necessária consolidação, segundo um alto executivo.

A empresa avaliou três ou quatro negócios menores neste ano antes do encerramento das negociações, disse Chris Mahoney, CEO da Glencore Agriculture, na quarta-feira. Os vendedores precisam aceitar que o setor não está tão atraente quanto quatro ou cinco anos atrás, disse ele.
“Observamos muitas coisas diferentes continuamente”, disse Mahoney, na conferência Global Grain, em Genebra. “Está difícil encontrar valor. Talvez seja preciso haver mais problemas.”

A Glencore, com sede na Suíça, tem procurado ativos no setor de grãos nos EUA. Em maio, a empresa afirmou que havia levantado a possibilidade de uma fusão amigável com a Bunge, uma das quatro maiores traders de commodities agrícolas. As duas empresas assinaram um acordo que impede a Glencore de fazer uma proposta hostil antes do fim do ano, segundo pessoas a par do assunto.

“Penso que, no caso de muitas aquisições e M&A, as pessoas claramente não estão realistas”, disse Mahoney. “Não quero citar nomes, mas acho que os anais do M&A estão cheios de exemplos. É preciso ser realista.”

O setor está enfrentando um excesso de capacidade na manipulação de grãos e, em muitos países, no esmagamento, e precisa de consolidação e de “um pouco mais de disciplina”, afirmou.

As grandes colheitas diminuíram os preços dos grãos, do trigo ao milho, reduzindo a volatilidade e desafiando até mesmo as traders mais consolidadas.

“Não prevejo preços mais altos e, obviamente, não consigo prever o problema do clima, mas acho que seria um erro presumir que os preços continuarão baixos por anos”, afirmou Mahoney. “Acho que provavelmente não permanecerão.”

Peter Grauer, o presidente do conselho da Bloomberg LP, é diretor sênior independente não-executivo da Glencore.

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