Maior exportador de minério de ferro reduz perspectiva de preço

Por Krystal Chia

O maior exportador de minério de ferro do mundo reduziu a perspectiva para os preços neste ano prevendo que a commodity voltará a cair para a casa dos US$ 50 por tonelada devido ao aumento da oferta em meio ao encolhimento das aquisições da maior compradora, a China.

A tonelada da matéria-prima terá preço médio de US$ 59,40 neste ano, inferior ao de uma previsão anterior, de US$ 61,80, e depois cairá para US$ 51,10 em 2019 e US$ 51 em 2020, afirmou o Departamento de Indústria, Inovação e Ciência da Austrália, em relatório, nesta segunda-feira. Isso deverá reduzir o valor das exportações da Austrália para 55,4 bilhões de dólares australianos (US$ 41 bilhões) em 2019-2020, contra 61,8 bilhões de dólares australianos em 2017-2018, mesmo que o volume aumente.

Desde que entrou em um bear market em março, o minério de ferro ficou preso em uma estreita faixa na casa dos US$ 60 nos últimos três meses frente a um cenário de estoques portuários elevados e produção recorde de aço na China, segundo dados oficiais referentes à parte continental do país. A calma nos preços surgiu depois que a maior economia da Ásia priorizou uma campanha antipoluição restringindo a oferta de algumas usinas no inverno, beneficiando o minério de maior qualidade. Ao mesmo tempo, as maiores mineradoras ampliaram a produção em novos projetos, embora tenham ocorrido problemas na oferta no Brasil e no Canadá.

Os preços deverão cair “como resultado da moderação da demanda e do aumento da oferta, particularmente do Brasil”, afirmou o departamento. “As importações de minério de ferro da China deverão cair gradualmente a uma taxa anual média de 0,6 por cento durante o período da projeção e atingirão 1,07 bilhão de toneladas em 2020.”

O minério à vista com 62 por cento de teor ferroso na China estava em US$ 64,45 na sexta-feira, recuo de 12 por cento neste ano, segundo o Mysteel.com. As projeções da Austrália são de preços sem frete incluso (free-on-board). Na segunda-feira, os futuros da SGX AsiaClear recuaram 0,7 por cento e o contrato da Bolsa de Commodities de Dalian caiu 2,3 por cento.

Os embarques da Austrália e do Brasil, maiores exportadores do mundo, deverão aumentar de um total combinado de 1,26 bilhão de toneladas neste ano para 1,31 bilhão no ano que vem e 1,33 bilhão em 2020, segundo o relatório. No mesmo período, as importações chinesas cairão 25 milhões de toneladas, para 1,07 bilhão de toneladas, informou.

A Austrália “deverá contribuir para o crescimento das exportações a curto prazo à medida que a Rio Tinto e a BHP continuam acelerando o rumo para níveis de produção recorde”, afirmou o departamento, em referência à Rio Tinto e à BHP Billiton. No Brasil, a rival Vale está colocando em operação o projeto S11D, informou.

O mercado viu uma mudança importante nos últimos dois anos porque a campanha antipoluição da China está estimulando a demanda por um minério mais limpo, fazendo disparar os diferenciais entre os materiais de alta e de baixa qualidades. Apesar da expectativa de redução dessa diferença não haverá um retorno à faixa anterior, afirmou o departamento.

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