Por Jack Wittels e Timothy Abington.
O maior petroleiro do mundo iniciou uma viagem de 20 mil quilômetros para uma zona de armazenamento de combustível na Ásia. A embarcação intriga o mercado de navegação e operadores de combustível há meses.
Com mais de 365 metros de comprimento, 16 anos de idade e capaz de armazenar cerca de um dia de consumo de petróleo da França e Reino Unido juntos, o Oceania deve chegar a Sungai Linggi, na Malásia, no fim de setembro, segundo os recentes sinais do petroleiro. Sua profundidade na água e movimentos anteriores indicam que o chamado transportador de petróleo ultragrande, de propriedade da Euronav, da Antuérpia, tem carga a bordo.
O Oceania, que atualmente passa pela África Ocidental, vem fazendo carregamentos no Mar Mediterrâneo desde março. O plano original da Euronav era usar um superpetroleiro para armazenar combustível e ajudar sua frota a cumprir as novas regras da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) que entram em vigor em 2020 e obrigam navios mercantes a reduzirem as emissões de enxofre. A empresa não quis comentar o assunto várias vezes. A embarcação é o Oceania, de acordo com dados de rastreamento de petroleiros da Vortexa. Quando o petroleiro chegar à Ásia Oriental, o navio se juntará a uma frota de transportadores também armazenando produtos que irão cumprir os regulamentos.
“Isso é incomum e certamente uma maneira interessante de lidar com a história da IMO 2020”, disse Eirik Haavaldsen, analista de transportes da Pareto Securities, em Oslo. “Não é sem risco. Mas é interessante, e também é um pouco mais sofisticada que o resto das companhias de navegação. ”
Estratégia IMO 2020
É difícil medir a exposição da Euronav às flutuações de preço, já que a empresa pode ter fixado os preços futuros do combustível, disse Haavaldsen. A Euronav disse durante teleconferência na semana passada que tomou emprestado outros US$ 100 milhões em relação à sua estratégia de abastecimento IMO 2020, acrescentando que divulgaria mais informações em 5 de setembro.
A partir de janeiro, a grande maioria dos navios terá que utilizar combustível contendo menos enxofre, atendo às novas regras da IMO, que tem sede em Londres.
Combustíveis em conformidade com as regras da IMO provavelmente custarão significativamente mais do que o tipo que a maioria dos navios usa hoje, o que tem levado alguns donos de navios a investirem bilhões de dólares em equipamentos que permitam a queima do produto atual. No entanto, a maioria – incluindo a Euronav – optou por passar a usar combustíveis com baixo teor de enxofre.
As novas regras exigirão que as embarcações limitem o teor de enxofre a 0,5%, abaixo dos 3,5% na maior parte do mundo atualmente. Segundo estudos, o poluente causa chuva ácida e pode levar a problemas de saúde, como asma e até mesmo câncer de pulmão.