Por Luke Kawa.
Investidores esperam uma coordenação sem precedentes entre autoridades monetárias e fiscais para reativar suas economias. O Japão é visto como o país com mais probabilidades de iniciar o processo.
Quase um terço dos clientes e colegas consultados pelo Citigroup pensa que o chamado dinheiro de helicóptero pode chegar dentro de 15 dias, quando o Banco do Japão se reunir, no final de julho.
“Entre os participantes, apenas 31 por cento acreditavam pessoalmente na chegada do dinheiro de helicóptero e 43 por cento achavam que o mercado esperava alguma forma de dinheiro de helicóptero”, escreveram estrategistas liderados pelo diretor global de estratégia cambial para o G10, Steven Englander.
O dinheiro de helicóptero foi discutido pela primeira vez por Milton Friedman na década de 1960, quando argumentou que os bancos centrais poderiam simplesmente imprimir dinheiro e despejá-lo sobre a população para estimular o gasto do consumidor e a inflação. Agora a ferramenta é mais aceita na forma de corte de impostos financiado pelo banco central ou um conjunto de projetos de obras públicas e em muitos aspectos é praticamente o mesmo que a flexibilização quantitativa (QE, na sigla em inglês) se as compras de ativos de bancos centrais não são desfeitas posteriormente.
Suspeita
As suspeitas de que o Japão pode vir a ser a primeira economia a adotar o uso do dinheiro de helicóptero apenas aumentaram depois que um dos assessores do primeiro-ministro Shinzo Abe indicou que o ex-presidente do Federal Reserve (Fed) Ben Bernanke recomendou a ferramenta, em abril, como a melhor forma de o país vencer a deflação após décadas de batalha.
Bernanke visitou o Japão neste mês para oferecer conselhos sobre as possíveis opções que autoridades monetárias e fiscais poderiam adotar.
Por sua vez, o estrategista-chefe de investimentos do Bank of America Merrill Lynch, Michael Hartnett, disse que o dinheiro de helicóptero seria a melhor opção para injetar dinheiro em ativos de risco, um objetivo comum de estímulo monetário, especialmente de variedade pouco convencional.
Pesquisa do BofA
Os níveis de caixa, segundo a Fund Manager Survey do Bank of America, acabam de atingir 5,8 por cento, o patamar mais alto desde novembro de 2001, escreveu Hartnett em uma nota intitulada “Fiscal choppers would chop cash”.
Os participantes dessa pesquisa também preveem a chegada do dinheiro de helicóptero, mas em um intervalo de tempo menos ambicioso do que o apontado pelos consultados pelo Citi.
Quase 40 por cento projetam que algum banco central importante adotará uma política de financiamento de uma postura fiscal mais acomodativa nos próximos 12 meses – um salto significativo em relação aos resultados de junho.
A tendência parece estar mudando para uma postura fiscal mais expansionista por parte dos governos centrais das economias avançadas em geral.
No Canadá, o Partido Liberal de Justin Trudeau venceu a eleição federal de 2015 prometendo investir em infraestrutura e incorrer em déficits no processo, diferentemente do Partido Conservador de Stephen Harper, que havia equilibrado o orçamento antes da votação.
Mais recentemente, no Japão, Abe planejou lançar um pacote de estímulo fiscal “amplo e ousado” depois da vitória de sua coalizão nas eleições para a Câmara Alta do Parlamento.
Notícias como essa provavelmente deixarão satisfeitos os gerentes de fundos consultados pelo Bank of America.
“Um total de 44 por cento dos investidores acredita que a política fiscal global atual é muito restritiva”, conclui Hartnett.
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