Man Group entra na aposta em dívida local de países emergentes

Por Lianting Tu, Carrie Hong e Narae Kim.

Em se tratando de dívida soberana de mercados emergentes, a Man Group prefere os mercados locais.

O maior fundo de hedge do mundo com ações negociadas em bolsa está encontrando mais valor em títulos em moeda local do que em títulos em moeda forte, para os quais existe interesse exagerado. Após registrarem perdas nos últimos três anos, os instrumentos de dívida local deram uma virada em 2017, proporcionando mais do que o dobro do retorno oferecido pelos títulos de países em desenvolvimento denominados em dólar, segundo índices Bloomberg Barclays.

“Em termos de moeda forte, achamos que há muita complacência”, disse Lisa Chua, gestora de carteiras de dívidas de mercados emergentes da Man GLG, uma subsidiária da Man Group, que tem sede em Londres. “Em termos de moeda local, no médio prazo acreditamos que há valor. Achamos que muito do risco associado a Trump está embutido nos preços no médio prazo.”

Antes da Man Group, a BNP Paribas Investment Partners e a divisão de private bank do JPMorgan Chase já haviam expressado otimismo em relação a créditos em moeda local. Dados da EPFR Global mostram que foram injetados US$ 4,5 bilhões em títulos domésticos de dívida neste ano, à medida que os investidores olham além da ameaça de aperto na política monetária dos EUA e da retórica protecionista do presidente Donald Trump. Fundos estrangeiros rapidamente ampliaram posições em ativos do Brasil e da Rússia nas últimas semanas e de forma gradual em ativos da Indonésia, segundo pesquisa do Goldman Sachs Group.

Analistas projetam ganhos até o fim do ano para mais da metade das moedas de países emergentes acompanhadas pela Bloomberg. A BNP Paribas Investment Partners também prevê depreciação do dólar em relação à maioria das moedas de nações em desenvolvimento em 2017. Nos EUA, o Federal Reserve elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual na semana passada e não acelerou o cronograma de acréscimos futuros.

“Os aumentos de juros pelo Fed já estão embutidos nos preços, portanto não há força adicional para o dólar e as moedas de mercados emergentes parecem muito baratas no momento”, disse Jean-Charles Sambor, vice-diretor de renda fixa para mercados emergentes da BNP Paribas Investment Partners. “A disparada do dólar nos últimos dois anos – talvez essa tendência tenha acabado no fim de 2016.”

Na Ásia, a BNP Paribas Investment Partners se interessa por créditos soberanos do mercado local da Indonésia e da Índia e também por alguns títulos em moeda local emitidos por bancos e entidades quase soberanas, como no caso da Rússia. Para Sambor, o real e o peso mexicano vão se apreciar ainda mais e atrairão recursos para esses mercados no longo prazo. Ele avalia como limitado o risco de o Fed adotar uma postura considerada agressiva.

No caso da China, o maior mercado emergente do mundo, Chua, da Man Group, acha que a moeda local “provavelmente precisará continuar se depreciando”, mas que dificilmente o movimento se tornará extremo. “Os ativos de mercados emergentes passaram por desova por vários anos e as posições nesses títulos estão muito leves”, disse Ben Sy, responsável por renda fixa, câmbio e commodities da divisão de private banking do JPMorgan na Ásia. “Tenho certeza que alguns fundos vão apostar em moeda local porque ainda é uma das classes de ativos com menos interesse e o carregamento ainda é bem decente.”

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