Man Group prevê grandes perdas para dívidas de emergentes

Por Ben Bartenstein.

O maior fundo de hedge de capital aberto do mundo alerta que os títulos de dívida de países emergentes vão sofrer grandes perdas, embora o tombo do mercado no mês passado tenha barateado esses papéis.

A deterioração dos fundamentos, os preços esticados e a concentração de posições sugerem fraqueza pela frente, na opinião da Man Group, que administrava US$ 109,1 bilhões em 31 de dezembro.

“A correção do mês passado foi a ponta do iceberg”, declarou Lisa Chua, gestora de recursos da equipe de mercados emergentes da Man Group. O departamento dela investe com o menor nível de risco até hoje, na expectativa de uma queda significativa, ela acrescentou.

Franklin Templeton e Pacific Investment Management Co. (Pimco) também se tornaram mais cautelosas em relação às dívidas denominadas em dólar emitidas por países em desenvolvimento, devido aos preços elevados, à maior volatilidade e ao potencial de alta dos juros.

Compilamos alguns comentários da gestora sobre investimentos em nações emergentes:

Por que tanto pessimismo em relação às dívidas de mercados emergentes?

“Apesar de haver segmentos nessa classe de ativos que têm balanços patrimoniais sólidos e regimes de câmbio flutuante, que consideramos necessários para restaurar desequilíbrios macroeconômicos, o universo de emergentes tem se deteriorado no tocante aos fundamentos. Atualmente, 53 por cento do EMBIG (índice que acompanha títulos emergentes globais) têm grau de investimento. No pico, em janeiro de 2015, tínhamos 75 por cento com grau de investimento. A piora da qualidade de crédito é motivada por rebaixamentos de classificação de risco e aumento das emissões no segmento de alto rendimento.”

Como as preocupações com uma guerra comercial influenciam sua perspectiva?

“Por um lado, achamos que a retórica protecionista e as postagens de Trump no Twitter devem ser vistas com ceticismo. Paralelamente, comentários recentes do governo dele sugerem que a intenção é atuar de modo mais deliberado e focado contra o que eles consideram práticas comerciais injustas. Comentários da autoridade de comércio dos EUA indicam que vão ser tomadas novas medidas, particularmente contra a China.”

Por quanto tempo esta fase de volatilidade relativamente baixa pode durar?

“No último ano, a volatilidade dos títulos corporativos de alto rendimento de países emergentes foi inferior a 2 por cento. Para se ter uma ideia, essa volatilidade historicamente ficava em dois dígitos – 11 por cento, na média, nos últimos nove anos e 17 por cento nos últimos 10 anos, incluindo 2008. Esses níveis historicamente reduzidos de volatilidade são de certo modo artificiais, porque o volume de negócios com títulos corporativos de alto rendimento de países emergentes é restrito e a liquidez não foi testada. A liquidez é testada quando ocorrem saídas de capital, mas basta as emissões superarem a demanda.”

Como as estratégias passivas de investimento afetariam uma possível correção?

“Este é outro risco se os fluxos se reverterem. O crescimento das gestoras passivas exacerba movimentos do mercado para cima e para baixo, pois replicam a referência, ignorando qualidade de crédito e preços. Se os fluxos se reverterem, será preciso vender indiscriminadamente. Isso potencialmente exacerbaria uma correção do mercado, mas também criaria oportunidades. Nosso foco é a gestão de perfil ativo e o potencial de retorno ajustado pelo risco.”

Onde estão as oportunidades neste ambiente?

“Nos interessaríamos em voltar a assumir riscos com ativos de países com balanço patrimonial sólido e regime de câmbio flutuante para restaurar desequilíbrios macroeconômicos, mas somente quando os preços melhorarem e a concentração nessas posições diminuir.”

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