Medidas comerciais de Trump beneficiam setor agrícola do Brasil

Por Fabiana Batista e Tatiana Freitas.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, acredita que o crescente protecionismo dos EUA criará “muitas oportunidades” para a indústria do país, o que inclui um comércio maior com o México.

Representantes do México discutirão a possibilidade de importar soja e carnes bovina e suína do Brasil em reunião com agricultores locais e membros do setor, no fim do mês, disse Blairo Maggi, na segunda-feira, em um evento em São Paulo.

“O Brasil está de volta ao jogo”, disse Maggi, cuja família possui uma das maiores empresas de soja do Brasil, o Grupo Amaggi. A decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de sair da Parceria Transpacífico também é vista como uma oportunidade para que o Brasil amplie o comércio agrícola com os países asiáticos, disse Maggi.

O Brasil é o maior exportador mundial de soja, café, açúcar e suco de laranja. O país é também o maior exportador de carnes bovina e de frango e o segundo maior de milho. Mesmo assim, os volumes de exportação para o México têm espaço para crescer. No ano passado, o Brasil embarcou 38,6 milhões de toneladas da oleaginosa para a China e apenas 129.000 toneladas para o México.

Diversificação das exportações

A maioria das importações agrícolas do México procede dos EUA. O México é o terceiro maior importador mundial de soja, o segundo maior de milho e o terceiro de carne suína. Trump disse a parlamentares, na semana passada, que quer acelerar as renegociações do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), enquanto o ministro da Economia do México, Ildefonso Guajardo, disse que iniciará as negociações assim que os EUA estiverem prontos.

A reabertura das negociações do Nafta ocorre em um momento em que o Brasil busca diversificar suas exportações agrícolas, reduzindo sua dependência em relação à China. Contudo, o Brasil enfrenta restrições sanitárias para exportação de carne bovina “in natura” a países como Japão e Coreia do Sul.

“É bom negociar com a China, mas é perigoso focar apenas em um país”, disse Maggi. “O Brasil precisa expandir o comércio com outros países.”

Maggi, que é também ex-governador de um dos principais estados agrícolas do Brasil, o Mato Grosso, foi eleito para o Senado em 2011 e se tornou ministro da Agricultura no ano passado. A empresa da família Maggi, o Grupo Amaggi, produz cerca de 1 milhão de toneladas de grãos e algodão e registrou US$ 3,8 bilhões em receitas em 2015. O grupo também possui um braço no ramo de trading e realiza investimentos em energia e pecuária.

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