Medo do excesso de lítio diminui com otimismo por demanda maior

Por Ranjeetha Pakiam.

Os alertas sobre uma possível oferta excessiva de lítio podem ser prematuros.

Por um lado, os pessimistas presumem que todo o lítio em depósitos de salmoura ou rocha dura será processado, o que não é o caso, disse Jay Roberge, sócio e diretor administrativo do Tehama Capital, um banco de investimento com sede em Vancouver.

“Não falta lítio no mundo, mas a preocupação é processá-lo e transformá-lo em carbonato de lítio, produtos de lítio e metal de lítio”, disse Roberge, em entrevista. “Nem todos os projetos de lítio que terão um nível significativo de lítio são necessariamente econômicos, porque é preciso conseguir processar o lítio para chegar ao produto final.”

A crescente demanda por lítio em baterias para veículos elétricos chamou a atenção de investidores nos últimos dois anos. Ainda assim, pode haver mais produção a caminho. O Morgan Stanley alertou em fevereiro que haverá um excesso de oferta já no ano que vem, enquanto a Wood Mackenzie afirmou que a oferta provavelmente superará a demanda de forma mais agressiva, gerando uma queda dos preços a partir de 2019.

Embora exista um excesso de oferta de produto minerado, que crescerá em 2018 e no ano que vem, a oferta de produtos refinados continua relativamente apertada, considerando todas as variantes produzidas e consumidas, segundo a Roskill Information Services.

As mineradoras contestaram as advertências sobre excesso. A empresa canadense Nemaska Lithium prevê um mercado bastante apertado nos próximos quatro a cinco anos e considera os alertas de excesso de oferta “totalmente exagerados”, disse o CEO Guy Bourassa, na quarta-feira. A aceitação massiva dos veículos elétricos se construirá de 2019 a 2021, o que estimulará a demanda por materiais de bateria, disse Carlos Vicens, diretor financeiro da Neo Lithium, que pode iniciar a produção em 2021.

A Roskill prevê uma expansão de dois dígitos da demanda por lítio devido ao impulso dos veículos elétricos, e as baterias responderão por mais de 50 por cento do consumo em 2018 ou 2019, fatia que subirá para mais de 90 por cento em meados da década de 2020, segundo o diretor administrativo Robert Baylis. O mercado global do lítio poderá crescer 20 por cento neste ano, segundo a Sociedad Química y Minera de Chile. No ano passado, a demanda cresceu cerca de 17 por cento, afirmou a empresa em seu balanço anual.

Muitos outros usos futuros do metal ainda não foram considerados, disse Roberge, em painel de discussão em conferência em Hong Kong, na quinta-feira. Ele citou o exemplo de um contêiner de carga totalmente elétrico e alimentado por baterias na China. O navio movido a bateria elétrica da Guangzhou Shipyard International é equipado com um misto de baterias de íons de lítio e supercapacitores com capacidade energética total de 2,4 megawatts-hora, segundo relatório da Bloomberg New Energy Finance.

“É muita energia de bateria e muita demanda”, disse Roberge, que falou no painel e em entrevista anterior, em 29 de março. “Se começarem a fazer essas coisas em massa, o mercado automotivo pode parecer pequeno.”

Ainda assim, haverá um momento no futuro em que oferta e demanda alcançarão o equilíbrio e, nesse ponto, os preços poderão se estabilizar, disse Roberge, no painel. Os produtores de lítio, carbonato de lítio e outros produtos finais com menores custos ganharão a disputa, segundo Roberge.

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