Por Luzi-Ann Javier.
Não pense que a crescente popularidade dos veículos elétricos da Tesla e de outras fabricantes de automóveis acabará com o apetite dos investidores pelo paládio, que registra o melhor desempenho do ano entre as principais commodities.
Os preços subiram 49 por cento neste ano porque a produção é menor do que o consumo do metal, usado em aparelhos que reduzem a poluição gerada pelos motores movidos a gasolina. A corrida entre a China e a União Europeia para a adoção de carros elétricos poderia eliminar a necessidade desses dispositivos no futuro, mas isso não ocorrerá cedo o bastante para eliminar o persistente déficit de produção do metal.
A escassez já estimulou um robusto mercado de empréstimos entre usuários e especuladores e a taxa de arrendamento de paládio por uma semana atingiu o nível mais alto em quase cinco meses. O rali dos preços também tornou rentável para os traders a compra de ações em fundos negociados em bolsa lastreados pelo paládio e o resgate do metal, o que está transformando os detentores de ETFs em uma última opção de oferta.
“Diante do cenário de um mercado físico apertado, as pessoas estão tentando tirar metal dos estoques”, disse Michael Widmer, analista do Bank of America Merrill Lynch, em Londres, em entrevista por telefone. “E um dos poucos estoques disponíveis são os dos ETFs.”
Os estoques dos armazéns monitorados pela Nymex diminuíram 26 por cento neste ano.
Perspectiva de déficit
Após cinco anos consecutivos de déficits de produção, o consumo continuará superando a produção até o fim da década e o déficit de oferta chegará a mais de 1 milhão de onças por ano, disseram os analistas Gregory Shearer e Natasha Kaneva, do JPMorgan Chase, em relatório de 15 de setembro. O Citigroup também prevê déficits até 2020.
Na terça-feira, o custo para emprestar o metal por uma semana era de cerca de 5,7 por cento, quase o dobro da taxa de duas semanas antes, o que reflete a dificuldade em assegurar o metal. A taxa de arrendamento contrasta com a média de 0,4 por cento dos últimos cinco anos. Os ativos nos ETFs caíram para 1,5 milhão de onças, cerca de metade do pico de 2014, segundo dados compilados pela Bloomberg.
O menos líquido dos mercados de metais preciosos está atraindo mais investidores. O interesse aberto agregado pelo paládio, ou o número de contratos futuros pendentes, subiu quase 50 por cento neste ano na Nymex, maior expansão desde 2012.
Com a queda nos ativos de ETFs, “não tenho certeza de que eles proporcionarão alguma folga se houver um aperto sério”, disse Ryan McKay, estrategista de commodities da TD Securities em Toronto, em entrevista por telefone. “Provavelmente não se acabará com o estoque dos ETFs.”
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