Por Charlie Devereux.
O Banco Santander aproveita a recuperação da economia espanhola e a maior demanda por empréstimos, compensando a volatilidade cambial nos mercados emergentes e a desaceleração da atividade no Reino Unido.
O lucro líquido de 1,7 bilhão de euros (US$ 2 bilhões) no segundo trimestre superou a estimativa dos analistas, com aumento no Brasil apesar da depreciação do real. Na Espanha, a melhora da economia faz com que os clientes contraiam mais empréstimos e deixem mais dinheiro no banco.
O Brasil é o maior mercado do espanhol Santander e continua puxando os lucros, apesar dos 10 dias de greve dos caminhoneiros contra a alta do preço do diesel. Na Espanha, o quinto ano de crescimento agora embala a retomada dos mercados de crédito.
“As paralisações no Brasil tiveram impacto negativo sobre o PIB, mas não sobre os resultados ou desempenho” da instituição, afirmou o analista Daragh Quinn, da Keefe, Bruyette & Woods. O crescimento da margem financeira líquida na Espanha “mostra que o pior já passou em termos de pressão sobre as margens”.
Os empréstimos aumentaram em todos os países desenvolvidos onde o banco atua, informou o diretor financeiro, José Garcia Cantera, em entrevista à Bloomberg Television. “Tivemos na Europa um trimestre positivo — provavelmente o melhor trimestre em vários anos”, disse Cantera.
Seguro prestamista
No Reino Unido, instituições financeiras precisaram reservar quase 40 bilhões de libras esterlinas (US$ 52,5 bilhões) para indenizar clientes que contraíram seguro prestamista de modo irregular. O Santander informou que precisou gastar com projetos de conformidade regulatória, como a exigência de separação das divisões de investimento e banco de varejo e as regras da Segunda Diretiva de Serviços de Pagamento da União Europeia.
O índice de capital CET1 — que mede a força financeira – recuou para 10,8 por cento no segundo trimestre devido a interesses minoritários da divisão Santander Consumer USA e à reestruturação do Banco Popular. O índice pode cair para 10,5 por cento se for incluída uma dedução sob o padrão contábil IFRS9 que deve ser implementada neste ano, de acordo com a Jefferies Group.
O Santander tem um dos menores níveis de capital principal entre seus pares, mas sua presidente, Ana Botín, afirma que a meta de 11 por cento para 2018 é adequada para uma instituição focada em empréstimos, que não enfrenta o ambiente mais volátil onde atuam os bancos de investimento.
A margem financeira na Espanha aumentou em um quarto. As comissões se expandiram 19 por cento para 671 milhões de euros. O crescimento dos empréstimos foi de 1 por cento na Espanha e no Reino Unido na comparação com o primeiro trimestre. Nos EUA e no Brasil, a expansão foi de 4 por cento e 3 por cento, respectivamente, em euros constantes.
O Santander deu baixa contábil de 300 milhões de euros na Espanha relativa à consolidação do Banco Popular, comprado no ano passado por 1 euro.
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