Por News Service Bloomberg.
Em uma cozinha industrial em um arborizado subúrbio residencial da região central de Xangai há uma silenciosa evolução culinária em andamento.
Ao lado de prateleiras lotadas de montanhas de manteiga do tamanho de pães de forma e peças de queijos de cinco quilos, chefs estão fazendo experiências com ingredientes exóticos que sua fornecedora da Nova Zelândia, a Fonterra Cooperative Group, quer tornar onipresentes na China: os lácteos. Comuns nas dietas ocidentais, o creme de leite, o queijo e a manteiga são itens raramente utilizados nas cozinhas comerciais chinesas. Os exportadores de lácteos estão trabalhando para mudar isso.
A cooperativa de lácteos holandesa Royal FrieslandCampina abriu uma cozinha para treinamento em Xangai em janeiro, unindo-se à Fonterra na estratégia de ensinar os cozinheiros chineses a usar produtos à base de leite e a incorporá-los a pratos populares. Em Hong Kong, onde mais de um século de controle britânico ajudou a inspirar pratos como o arroz de forno com queijo e pães de manteiga e abacaxi, os lácteos representam cerca de 5 por cento dos ingredientes usados nas refeições, segundo a FrieslandCampina. Se essa proporção fosse igualada, se criaria um mercado de US$ 7,5 bilhões por ano na China.
“Podemos ver a ascensão da classe média e a abertura e o ajuste aos alimentos ocidentais”, disse Batthew Pang, vice-presidente de serviços alimentícios da FrieslandCampina na China. “Não tivemos essa escala de crescimento potencial em serviços alimentícios em nenhum outro lugar.”
A US$ 150 bilhões por ano, o setor de serviços alimentícios da China é o maior do mundo depois do dos EUA e o do Japão, e a culinária estilo ocidental está ganhando popularidade, disse Sally Peng, gerente de contas sênior da empresa de pesquisa NPD Group em Xangai.
A Fonterra, maior exportadora de lácteos do mundo, começou a treinar chefs chineses em 2015 e atualmente realiza workshops em Xangai, Pequim, Guangzhou e Chengdu para os clientes, entre os quais as redes locais de padarias Hoililand e de pizzarias Champion.
A Fonterra vendeu o equivalente a 271 milhões de litros de leite em produtos de consumo e de serviços alimentícios para a China no trimestre que terminou em 31 de outubro, um aumento de 36 por cento em relação ao ano anterior. A margem bruta na China nas duas categorias subiu de 32 por cento para 39 por cento, informou a companhia em novembro.
“Uma nova geração de chineses da parte continental do país passou a admirar mais a cultura ocidental — ou está mais adaptada a ela –, especialmente no que diz respeito à alimentação”, disse Pang, da FrieslandCampina.
Estudos mostram que uma alta proporção de chineses é incapaz de absorver a lactose, o principal carboidrato do leite, que lhes provoca inchaço, flatulência, cólicas e náuseas. No entanto, a intolerância à lactose está se tornando um problema menor à medida que mais pessoas são expostas a produtos à base de leite desde os primeiros anos de vida, disse Pang.
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