O que era ser uma festa no mercado de carvão neste terceiro trimestre está virando ressaca.
Mesmo com o pico de demanda na China, onde o tempo quente aumenta o uso de ar condicionado, o preço de referência no mercado à vista deve registrar a primeira perda mensal em três meses. Os contratos futuros na Bolsa de Commodities de Zhengzhou recuaram para abaixo de 600 yuans por tonelada (US$ 87,89) pela primeira vez desde maio.
O carvão recuou após uma onda de calor em maio e junho impulsionar a cotação para quase 700 yuans, levando o país que é o maior usuário e produtor do mundo a avisar que pode faltar eletricidade durante o verão. No entanto, com o fim das inspeções em minas, aumento dos estoques nos portos e maior oferta de energia hidrelétrica, a demanda por carvão provavelmente será limitada. Instituições como Morgan Stanley e Daiwa Securities esperam queda adicional do preço.
“As expectativas de que a queima recorde de carvão nas usinas elétricas causaria escassez e elevaria os preços estão virando fumaça”, disse Zeng Hao, analista da Shanxi Fenwei Energy Information Services.
O contrato futuro de carvão térmico em Zhengzhou caiu 1,6 por cento e fechou em 592,4 yuans por tonelada nesta segunda-feira, o menor preço desde 25 de maio. A cotação à vista no porto de Qinhuangdao recuou cerca de 5 por cento no mês até 23 de julho para 646 yuans, de acordo com a China Coal Resource.
Chuvas intensas por toda a China contribuem para a queda de preço do carvão porque a temperatura esfria e a oferta de energia hidrelétrica aumenta, de acordo com relatório do Morgan Stanley escrito pelo grupo de analistas de Simon H. Y. Lee, que prevê que o preço cairá 5 por cento neste ano.
A Daiwa Capital também citou o preço abaixo do esperado durante a atual temporada de pico de demanda quando cortou o preço-alvo para a ação da China Shenhua Energy em 19 por cento e piorou a recomendação para o papel. Há estoque suficiente nos portos e usinas, de acordo com o relatório da corretora, escrito por Dennis Ip e outros analistas.
Outro agravante é a combustão espontânea de estoques em alguns portos ao norte, o que leva negociantes a vender seus produtos a preço mais baixo por motivo de segurança, informaram a China Coal Resource e a corretora Shanghai Cifco Futures. Na semana passada, os estoques nos portos chineses aumentaram 5,2 por cento para o maior nível desde novembro de 2015, segundo a Shanghai Steelhome E-Commerce.
A tonelada provavelmente cairá para menos de 570 yuans neste semestre, que é o nível que o governo almeja, afirmou Li Xuegang, vice-gerente geral do website China Coal Market. O movimento se deve em parte a uma série de medidas anunciadas pelo governo em maio para reduzir os preços, incluindo a melhora da capacidade de transporte e o aumento da produção por minas eficientes.
“Não esperamos que o preço do carvão tenha grande espaço para alta em agosto”, afirmaram os analistas da Daiwa no relatório. “Pode haver um recuo mais significativo na temporada de baixa demanda, de setembro até outubro.”
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