Mercado de CDI exagera risco de impeachment

Por Marco Maciel.

A probabilidade da presidente do Brasil ser cassada no curto prazo é inferior ao que está fixado o preço para os mercados financeiros, de acordo com análise econômica da Bloomberg.

Analisando a capacidade da presidente Dilma Rousseff em obter sua agenda aprovada pelos legisladores do Brasil sugere que as chances de ela ser impichada é de cerca de 15 a 22 por cento. Isto implica em um spread de cinco anos de CDI próximo de 3,7 por cento, menor do que o spread de 4,6 por cento em 20 de outubro, e a alta de 5,5 pontos cento em 28 de setembro

Há claramente uma crise política e institucional no Brasil, assim como um escândalo de corrupção que se espalha na Petrobras. E os riscos no longo prazo estão subindo, com a insatisfação sobre o desemprego, que pode saltar para 10 por cento no primeiro semestre de 2016, a partir de um ajuste sazonal de 7,3 por cento em agosto. Apesar de tudo isso, o impeachment no curto prazo não é provável.

Como o índice de aprovação de Dilma atingiu 8 por cento em agosto, os analistas traçaram paralelos com o único presidente brasileiro a ser cassado, Fernando Collor de Mello, cuja popularidade despencou antes que ele deixou o cargo no final de 1992. No entanto, desta vez a economia está em terreno mais firme e Rousseff parece ter muito mais apoio político.

A administração Rousseff tem sido surpreendentemente bem-sucedida desde o primeiro trimestre deste ano no sentido de conseguir aprovar contas através da legislatura, especialmente na Câmara. De fevereiro a setembro, alcançou uma taxa média mensal de aprovações para todas as questões propostas de 63 por cento na câmara (de 162 contas votadas) e 78 por cento no Senado (de 26 projetos de lei), mostra análise da BIoomberg.

Mapeamento do capital político do governo na Câmara mostra que antes da reforma ministerial de 2 de outubro, os defensores do impeachment provavelmente eram 49 votos a menos do limite de dois terços dos 513 legisladores na Câmara dos Deputados. Isto implicava uma probabilidade de impeachment de 22,3 por cento.

Após a remodelação, o número de simpatizantes do PMDB para impeachment caiu de 40 para 25 segundo estimativa, deixando um déficit de 64 votos para aqueles que tentam derrubar Rousseff. Isto implica um risco de impeachment de quase 14,5 por cento.

Era esperado que um grupo de advogados brasileiros do alto escalão, incluindo um ex-membro do Partido dos Trabalhadores, apresentassem um pedido para iniciar um processo de impeachment, no dia 21 de outubro. Mesmo se forem bem-sucedidos, o caminho para impeachment provavelmente é mais longo e menos certo do que implícitos preços dos CDI atuais.

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