Mercado de olho em dados para monitorar produção da Opep

Por Grant Smith e Mark Shenk.

A promessa da Opep e parceiros de cortar a produção valorizou as cotações do petróleo em 2016. Agora os operadores querem evidências de que vão cumprir o prometido. Não será fácil.

O desafio: montar um cenário coerente a partir da montanha de dados que surgem a cada etapa ao longo do processo, desde os poços onde o petróleo é produzido até os tanques que o transportam e os depósitos que o armazenam.

Ao contrário dos Estados Unidos, onde os dados de produção são publicados semanalmente, os membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo levam meses para revelar seus números. Além disso, seus dados podem estar em desacordo com levantamentos independentes, e há países que costumam distorcer os números. Como a crescente contagem das plataformas nos EUA tem alimentado a tendência de baixa das cotações, cada nova pista sobre a implementação do acordo traz a expectativa de mexer com os preços.

“O mercado pode ser mais surpreendido por dados e manchetes do que no passado”, disse Michael Cohen, chefe de pesquisa para commodities de energia do Barclays, em Nova York, em entrevista por telefone. “O atraso nos dados será o principal problema para monitorar os cortes.”

Abaixo estão fatores a serem acompanhados:

1. Produção

As primeiras indicações serão divulgadas no começo de fevereiro, quando agências de notícias como Bloomberg, Reuters e Platts publicam pesquisas sobre produção. As estimativas de instituições como a Agência Internacional de Energia e Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) saem uma semana ou duas depois.

Os dados de produção da Opep saem apenas em meados do mês que vem. Ainda assim, as indicações não serão totalmente claras, porque a organização publica dois tipos de dados: um que é usado para monitorar o acordo, compilado a partir das pesquisas mencionadas acima, e números enviados diretamente pelos membros dos governos, que podem apresentar diferenças significativas.

Para proporcionar maior clareza, a Opep e parceiros estabeleceram um comitê de acompanhamento que terá sua primeira reunião entre 21 e 22 de janeiro, embora o painel ainda não tenha dado detalhes de como irá funcionar.

2. Exportações

Embora o acordo tenha a produção como alvo, mudanças nas exportações serão sentidas de forma mais intensa pelo mercado internacional.

Os produtores nacionais avisam os clientes com meses de antecedência sobre quais carregamentos estarão disponíveis, o que significa que alguns detalhes sobre exportações já são conhecidos. Os cronogramas de embarques do Iraque, por exemplo, mostram se as vendas do país vão aumentar ou diminuir no mês seguinte, embora o país tenha dito que os compradores devem se preparar para volumes menores.

3. Estoques

Esvaziar estoques abarrotados de petróleo, mais do que atingir um preço determinado, tem sido sempre o objetivo declarado da intervenção da Opep. O grupo estima que os tanques globais estão carregados com mais de 300 milhões de barris, ou o suficiente para abastecer a China por quase um mês.

Ainda que a Opep realize os cortes prometidos, existe o risco de retrocesso caso seus concorrentes nos EUA respondam com o aumento da produção, disse Chip Hodge, diretor sênior da John Hancock, de Boston, que administra US$ 12 bilhões em um portfólio de bônus em recursos naturais.

Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.

Agende uma demo.