Por Lyubov Pronina.
Há uma janela de 10 semanas que os tomadores de empréstimos dos mercados emergentes não querem perder.
Entre setembro e a eleição dos EUA, no início de novembro, os emissores de títulos, da Arábia Saudita à Rússia, do Brasil à Papua-Nova Guiné, deverão chegar ao mercado com dezenas de bilhões de dólares em novos negócios, criando o cenário para um dos períodos mais movimentados desde 2013 após um mês de abril extraordinário.
Os tomadores de empréstimos poderão correr para o mercado em busca de uma última oportunidade de captar recursos com custos historicamente baixos antes de o Federal Reserve aumentar a taxa de juros e os americanos votarem em uma corrida presidencial dividida, que possivelmente estimulará a volatilidade e reduzirá a confiança do investidor. Mas o maior atrativo é a abundância de recursos: os gestores de recursos estão realocando fundos nos mercados emergentes a um ritmo recorde, criando o primeiro excedente líquido em quatro anos.
“Setembro deverá ser movimentado, assim como outubro”, disse Elena García Hernández, diretora associada em Londres do HSBC Holdings, segundo maior organizador de ofertas deste ano e subscritor da venda de outubro da Arábia Saudita. “Os saldos de caixa são robustos na comparação com os totais históricos. Para os emissores, atualmente não vemos nenhum impedimento”.
Os títulos soberanos de mercados emergentes em dólares renderam 15 por cento aos investidores neste ano e as notas em moeda local entregaram 6,3 por cento porque bancos centrais importantes ampliaram suas políticas dovish. Esses retornos são irresistíveis para os investidores que estão fugindo de US$ 9 trilhões em dívidas de rendimento negativo em todo o mundo.
Os fundos de dívidas dos mercados emergentes receberam um recorde de US$ 18,7 bilhões em julho e mais US$ 4,2 bilhões na primeira quinzena de agosto, segundo a EPFR Global. O JPMorgan estima que as entradas de recursos atingirão US$ 40 bilhões em 2016. Isso seria uma reviravolta após três anos de saídas líquidas de recursos, quando um total combinado de US$ 74 bilhões deixou os mercados emergentes.
O vigor renovado com o qual os investidores estão perseguindo rendimentos maiores é um golpe de sorte para os emissores que têm dívidas a vencer no ano que vem. Os tomadores de empréstimos dos mercados emergentes enfrentam US$ 223 bilhões em resgates em 2017 e muitos podem optar por antecipar seus planos de pré-financiamento para se prepararem.
Em maio, os investidores apostaram quase US$ 20 bilhões na venda de eurobonds de US$ 9 bilhões do Catar e no mês seguinte exigiram três vezes a oferta em uma venda de 1,5 bilhão de euros (US$ 1,7 bilhão) da Indonésia.
“As condições parecem muito atraentes para novos acordos”, disse Sergey Dergachev, que ajuda a administrar US$ 13 bilhões na Union Investment Privotfonds, em Frankfurt.
A Arábia Saudita planeja vender pelo menos US$ 10 bilhões para ajudar a reduzir um déficit no orçamento, enquanto o Kuwait busca até US$ 9,9 bilhões e o Bahrain contratou bancos para uma terceira venda de eurobonds, neste ano. O Brasil analisa a retomada dos títulos Global 2026 ou Global 2047 e Papua-Nova Guiné escolheu bancos como o Bank of China para se reunir com investidores em Londres, Boston e Nova York.
Para ter acesso a notícias em tempo real entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.