Por Alastair Marsh.
O mercado de títulos lastreado em ativos da Europa (ABS) está deixando a superfície.
Depois de ser empurrado para os holofotes após a crise financeira quando os órgãos reguladores culparam esses produtos e os executivos bancários que os estruturaram de causarem o colapso escondendo os riscos, o mercado ABS está recuando ainda mais para as sombras.
As vendas bilaterais privadas dos títulos, que normalmente são lastreados por garantias como financiamentos automotivos ou imobiliários, agora superam as vendas públicas aos investidores, segundo analistas do Bank of America liderados por Alexander Batchvarov.
As chamadas transações retidas, que são mantidas no balanço dos bancos, subiram para 78 bilhões de euros (US$ 87 bilhões) nos seis primeiros meses do ano, mais que o dobro dos 30 bilhões de euros vendidos no mesmo período de 2015, segundo dados do Bank of America. Quanto aos investidores do mercado público, a oferta de novas emissões totalizou apenas 41 bilhões de euros, ou aproximadamente metade do volume registrado um ano antes.
Em vez de utilizar securitização — processo pelo qual esses títulos ABS são criados — para fornecer novos ativos aos investidores, os bancos estão usando a técnica para gerenciar riscos e descarregar ativos em transações privadas que normalmente não são classificadas e nas quais os dados da transação muitas vezes não é disponibilizado.
Embora muitas transações retidas sejam destinadas ao uso como garantia nos programas de liquidez do Banco Central Europeu, a securitização de portfólios de empréstimo completos, incluindo créditos duvidosos é uma fonte de crescimento para transações retidas, segundo o Bank of America.
As securitizações sintéticas, nas quais os derivativos de crédito são usados para transferir risco, também estariam crescendo em um momento em que os bancos buscam reforçar seus balanços — e em que os reguladores rejeitam o uso dessas transações de “capital regulatório”.
“As discussões com os participantes do mercado sugerem que o volume pode ser (muito) maior”, escreveu Batchvarov. O renascimento das securitizações sintéticas mostra a necessidade de os bancos gerenciarem o risco de capital e de crédito de seu balanço, mas aparentemente agora isto é feito por meio de transações bilaterais, a maior parte não classificada e raramente vista”.
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