Notícia exclusiva por Josué Leonel e Alex Lima.
O mercado de títulos não esperou a S&P anunciar a revisão da perspectiva para o rating do Brasil de neutra para negativa. As transações com papéis negociados no exterior já embutem plenamente o risco de um corte da nota brasileira e caminham para precificar também o segundo.
O nível de risco embutido nos títulos do Brasil já se aproxima ao de países que estão duas notas abaixo do grau de investimento, como Bolívia e Croácia, ambos com nota BB pela S&P. O Brasil tem nota BBB-. Se sofrer um corte da nota irá para BBB, o primeiro nível dos países de grau especulativo, conhecidos como “junk”.
O mercado já dá como certo o País perder o selo de bom pagador. A trajetória da dívida ficou “muito complicada” após o governo reduzir a meta de ajuste fiscal, diz o professor Simão Silber, da Faculdade de Economia da USP. “O Brasil caminha para perder o grau de investimento”.
Embora o rebaixamento tenha sido antecipado pelo mercado, a tendência para o real continua sendo de desvalorização diante da “tempestade perfeita” de riscos internos e externos, diz Silber. A crise política ajuda a agravar o quadro econômico ao dificultar a aprovação das medidas de ajuste. “Estamos em um ambiente de baixa governabilidade”.
O dólar só não tem uma alta ainda mais forte, segundo Silber, porque a oscilação é limitada pela ação do BC, com os leilões de swap cambial e a alta da taxa de juros. Ainda assim, ele considera possível que o dólar chegue a R$ 3,40 ou R$ 3,50 até o fim do ano.
O Banco Fibra cortou nesta semana a projeção para o PIB brasileiro em 2015 de -1,7 por cento para -3,1 por cento. Para Silber, além da recessão e da crise política, o cenário externo também ajuda a ampliar os riscos para a economia brasileira, diante da possibilidade de alta dos juros nos EUA e de uma desaceleração mais aguda da economia chinesa.
“Os problemas na economia estão se agravando e ninguém sabe onde é o fundo do poço”.
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