Por Josue Leonel, Marisa Castellani e Felipe Saturnino.
Mercado avalia que a crise que resultou na demissão de Gustavo Bebianno do governo de Jair Bolsonaro não deve impedir a aprovação da reforma da Previdência. Não se descarta que o governo seja obrigado a fazer concessões maiores no processo de negociações, mas sem comprometer substantivamente a proposta. O texto completo deve chegar nesta quarta-feira ao Congresso, após o governo ter antecipado na última semana que a idade mínima será de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens.
Analistas mantêm a previsão de que a reforma chegará ao Congresso com um corte de gastos na casa de R$ 1 trilhão em 10 anos. Este número tenderia a ser reduzido após negociações para entre R$ 400 bilhões e R$ 900 bilhões, uma desidratação vista como inevitável. Veja a avaliação dos profissionais de instituições financeiras e consultorias:
Caso Bebianno
- Eurasia: Caso Bebianno não tem impacto na Previdência, pois a votação deve ocorrer mais para o final de junho ou começo de julho na Câmara, depois das festas juninas, quando o episódio deve estar esquecido, diz Christopher Garman, diretor da Eurasia
- Truxt: “Acho que a importância dada ao caso Bebianno foi muito maior do que sua real implicação na tramitação da reforma. Daqui a três dias ninguém falará mais no assunto”, diz gestora Mariana Guarino
Eleven: Ruído político com demissão de ministro não atrapalha votação pois “Bebianno é substituível, mas a reforma da Previdência, não”, diz analista Raphael Figueredo - Paineiras: Caso é apenas “um ruído que pouco afetará a tramitação da reforma”, diz David Cohen, sócio-gestor
- H.Commcor: “Bebianno não me parece caso tão preocupante para governo quanto a grande mídia alerta”, diz operador Cleber Alessie
Custo político
- Tendências: O caso Bebianno pode aumentar o custo político da aprovação da reforma e levar a um texto “menos rigoroso”, sem alterar estimativa de 65% de chance de aprovação da reforma no segundo semestre, diz Rafael Cortez, analista político
- Quantitas: Se o caso tiver impacto, será em termos do que o governo terá que oferecer aos parlamentares em troca da aprovação, diz operador Lucas Monteiro
Economia
- Itaú: Com idade mínima de 62 para mulheres e 65 para homens e transição, economia esperada após tramitação é de R$ 462 bi em 10 anos, considerando impacto no governo federal e setor privado; proposta inicial deve ser de R$ 1 tri em 10 anos, segundo Mário Mesquita, economista-chefe
- ARX: Pelo que foi divulgado até agora, economia com reforma está mais perto de R$ 1,3 tri em 10 anos e o mercado acha que, depois de tudo, deve ficar entre R$ 700 bi e R$ 800 bi. “Acima de R$ 700 bi é bom e o mercado reagiria positivamente. Abaixo de R$ 500 bi/R$ 400 bi seria frustrante. Entre R$ 500 bi e R$ 600 bi a receptividade é nebulosa”, diz a economista Solange Srour
- Banco Fator: Mercado trabalha com ideia de economia de R$ 1 tri em 10 anos na apresentação da proposta de reforma da Previdência; ao final de todos os ajustes, deve ser de R$ 500 bi a R$ 700 bi, diz José Francisco Gonçalves, economista-chefe
- Barclays: Estimativa é de range de R$ 800 bi – R$ 1 tri nos primeiros 10 anos da reforma. “Diria que a impressão é que o mercado espera R$ 700 bi-R$ 800 bi”, disse Roberto Secemski, referindo-se à economia gerada pela reforma após as desidratações ao texto
- Paineiras: Mercado trabalha com um número entre R$ 1 tri e R$ 1,1 tri em 10 anos, mas, no final, considera que deve ficar em algo próximo de R$ 600 bi, o que seria um número “extremamente positivo”. Vindo abaixo de R$ 500 bi pode ter uma certa decepção
- Quantitas: Os investidores têm na cabeça um numero de R$ 1 trilhão. Difícil dizer se não vai ser desidratado demais no Congresso, mas se ficar em uns R$ 850 bi/R$ 900 bi depois de aprovado o mercado deve interpretar bem
- Truxt: Pelos vazamentos, parece fazer sentido uma economia de um pouco mais de R$ 1 tri em 10 anos no texto do projeto a ser enviado ao Congresso, com aprovação final de 60% a 70% desse montante
- Eurasia: Economia pode ser reduzida para entre R$ 400 bi e R$ 600 bi no Congresso, mas ainda assim, para o estrangeiro, será um número próximo ao da PEC de Temer, visto como razoável
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