Mercado mostra sangue-frio após derrota de Dilma na Câmara

Notícia exclusiva por Josué Leonel.

O mercado passou pelo teste de estresse inicial após a inesperada alteração do fator previdenciário feita ontem pela Câmara. Apesar da derrota do governo na votação evidenciar um clima hostil à austeridade fiscal, o dólar recua contra o real e o Ibovespa sobe.

Mesmo recebendo a ajuda do desempenho relativamente positivo dos mercados externos, os ativos brasileiros poderiam sofrer se o entendimento fosse que o ajuste fiscal corre um sério risco. Os investidores, porém, mostram uma ’’certa confiança’’ de que a presidente Dilma vetará a mudança do fator previdenciário, diz Paulo Vieira da Cunha, ex-diretor do BC e economista-chefe da Ice Canyon em Nova York.

Existe uma percepção, diz Vieira da Cunha, de que Dilma está dando apoio ao ajuste promovido pela equipe econômica. A possibilidade de o veto ser derrubado posteriormente pelo Congresso existe, mas é considerada pequena.

Uma eventual eliminação do fator previdenciário, criado no governo FHC para evitar uma explosão do déficit enquanto uma reforma definitiva não é aprovada, representaria um grave problema adicional para a equipe econômica. A preservação do fator, contudo, não necessariamente trará alívio duradouro.

O cenário de deterioração econômica deve persistir e acabará por trazer de volta a pressão de desvalorização do real. Embora o esforço fiscal possa livrar o Brasil de perder o grau de investimento este ano, o país precisa reduzir o seu déficit em conta corrente, diz Vieira da Cunha.

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