Por Isis Almeida.
Após anos de oferta excedente, o mercado global de grãos finalmente começa a se contrair.
Com a queda da produção e a expectativa de que a demanda atinja um novo recorde, um indicador de estoques em relação ao consumo deverá cair na próxima temporada após a maior alta em 16 anos, anunciou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês).
A oferta geral continua ampla, mas a perspectiva de contração no mercado global, especialmente para o milho e a soja, já começa a afetar os preços. Um indicador da Bloomberg para o trigo, o milho e a soja subiu 11 por cento neste ano, em parte devido à seca que reduziu a safra na Argentina e à disputa comercial entre EUA e China, que agitou os mercados internacionais.
A razão entre os estoques e o consumo de grãos cairá para 27,2 por cento na temporada 2018-2019, que começa em julho, contra 28,8 por cento nesta temporada, estimou a FAO, que tem sede em Roma. Ainda assim, após anos de excesso, o indicador está bastante acima dos pisos históricos registrados em 2007-2008, quando os preços elevados dos alimentos geraram distúrbios.
“A produção caiu, mas caiu em relação a níveis recorde, e os estoques de trigo ainda estão subindo rumo a um novo recorde”, disse Abdolreza Abbassian, economista sênior da FAO, por telefone. “Não podemos dizer que teremos uma situação alarmante, longe disso.”
Projeção para produção
A produção global de grãos cairá 1,6 por cento, para 2,61 bilhões de toneladas, o que se deve principalmente ao declínio da produção de milho, que terá uma área plantada menor nos EUA, informou a FAO em suas primeiras estimativas para a temporada 2018-2019. Ao mesmo tempo, o consumo aumentará 0,6 por cento, para 2,63 bilhões de toneladas.
“Precisamos ser cautelosos para não exagerar no otimismo em relação ao ano que vem porque existem questões que podem ir além dos fundamentos de oferta e demanda”, disse Abbassian. “Há muitas incertezas de fora dos mercados, especialmente no campo da política, no campo comercial, no campo da taxa de câmbio, além dos reflexos de outras commodities.”
Outros destaques do relatório:
– Os estoques de grãos cairão 2,7 por cento, para 735,5 milhões de toneladas, o primeiro declínio em seis anos.
– A produção mundial de trigo cairá 1,5 por cento, para 746,6 milhões de toneladas, devido à safra menor da Rússia; as reservas globais ainda assim subirão 0,8 por cento, para 279 milhões de toneladas.
– A produção de milho cairá 3,7 por cento, para 1,05 bilhão de toneladas.
– A estimativa para a produção de soja em 2017-2018 foi reduzida em 0,7 por cento, para 334,3 milhões de toneladas, devido à produção menor na Argentina: FAO-AMIS (Sistema de Informação sobre Mercados Agrícolas da FAO)
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