México amplia investigação sobre manipulação em mercado de bônus

Por Isabella Cota, Eric Martin, Michelle F. Davis e Nacha Cattan.

As autoridades do México estão ampliando uma investigação no mercado de bônus do país, que movimenta US$ 400 bilhões.

A Comissão Nacional Bancaria e de Valores (CNBV) abriu sua própria investigação para verificar se bancos, corretoras e fundos de pensão fizeram um acordo para baixar os preços de títulos do governo, segundo três pessoas com conhecimento do assunto. A iniciativa acontece meses após reguladores antitruste terem iniciado uma análise do mercado local, e ambas as agências solicitaram registros de chats eletrônicos e outros tipos de comunicação, segundo uma pessoa.

As investigações paralelas aumentam os riscos para participantes do mercado de bônus do México, onde dealers primários dão lances pelos títulos por meio de leilões. A investigação da CNBV significa que outras autoridades estão de olho em práticas irregulares, e aqueles que tiverem violado as regras podem enfrentar penalidades maiores.

Em outubro, a agência antitruste Cofece deu início à sua investigação, que se tornou pública seis meses depois com o objetivo de atrair delatores. Em maio, a Bloomberg News revelou que sete bancos — as unidades locais do Banco Santander, Bilbao Vizcaya Argentaria, JPMorgan Chase, HSBC Holdings, Barclays, Citigroup e Bank of America estavam no centro da investigação. Alguns bancos já foram procurados pela Cofece sobre o caso. Nenhum foi acusado de irregularidades.

Alguns especialistas estão questionando a eficácia dessas investigações paralelas. Luis Santos, advogado especialista em questões antitruste e que representa uma das partes envolvidas no caso, disse que a investigação dos bancos pela CNBV está atrapalhando o trabalho da Cofece.

“Não está sendo conduzida de uma maneira saudável”, disse Santos, da Santos & Partners, com sede na Cidade do México, destacando que seu comentário é de um especialista em defesa da concorrência e não o de um representante de um cliente. A CNBV “não está ajudando” o caso, afirmou.

Mari Nieves Lanzagorta, porta-voz da CNBV, disse que a agência “tornará pública a informação que corresponda a este caso em particular em seu devido tempo”, mas se recusou a dar mais detalhes. A CNBV não pôde ser contatada imediatamente para comentar as críticas às investigações paralelas. A Cofece não retornou o pedido de entrevista.

Finanças Públicas

As assessorias de imprensa do JPMorgan, Santander e Barclays não quiseram comentar. Mensagens para o BBVA, HSBC, Citigroup e Bank of America ainda não foram respondidas.

A agência de defesa da concorrência disse que o prejuízo para as finanças públicas da suposta manipulação pode ser “sério”. Ao suprimir os preços, os compradores podem obter rendimentos maiores sobre os bônus, encarecendo os pagamentos de juros pelo governo.

A investigação vem na esteira de antigos casos de manipulação da taxa de juro no Reino Unido e depois que procuradores dos Estados Unidos acusaram, em janeiro, funcionários de alguns dos maiores bancos do mundo de conspiração para coordenar a negociação de dólares e euros com o objetivo de manipular os preços.

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