Por Lukanyo Mnyanda com a colaboração de Francine Lacqua e Ruth David.
A maior mudança em uma década na regulamentação para gestoras de fundos na Europa pode acelerar fusões e aquisições entre firmas que vêm tentando se defender de concorrentes que cobram mais barato.
Grandes transações estão sendo realizadas na indústria de gestão de recursos, com as firmas tradicionais de perfil “ativo” se unindo contra a popularidade dos fundos de estratégia “passiva”, que acompanham índices. A revisão da Diretiva de Mercados em Instrumentos Financeiros da União Europeia (conhecida pela sigla MiFID II) agora ameaça elevar custos e espremer margens de lucro, uma vez que as empresas precisarão pagar os bancos pelas pesquisas de analistas utilizadas para selecionar aplicações.
“É um dos vetores que observamos”, disse David Logan, responsável por distribuição na BMO Global Asset Management, firma resultante de uma das maiores fusões da atualidade, a aquisição da britânica F&C Asset Management pelo Bank of Montreal, do Canadá, em 2014. “A escala está se tornando novamente muito importante. Estamos em um período de consolidação, que vai continuar por algum tempo.”
São tempos turbulentos para uma área do setor financeiro que evitou a extensão de mudanças regulatórias que atingiram bancos e seguradoras nos últimos anos. Para muitos que atuam no velho negócio de escolher ações, adaptação e proteção da lucratividade viraram questões existenciais. A seguradora francesa Axa avalia alternativas para a divisão de gestão de recursos na Europa, de acordo com pessoas a par do assunto. Estão em estudo uma fusão ou joint venture, segundo as fontes, que pediram anonimato porque os detalhes não são públicos.
Aumentando de tamanho
Em duas das maiores transações concluídas neste ano, Janus Capital Group e Henderson Group formaram uma gestora de recursos com valor de mercado de US$ 6,6 bilhões, enquanto Standard Life e Aberdeen Asset Management formaram a maior gestora de recursos de perfil ativo do Reino Unido, avaliada em 12 bilhões de libras esterlinas (US$ 16,3 bilhões).
Nesta semana, a Aberdeen Standard Investments anunciou que vai arcar com o custo das pesquisas em vez de repassar aos clientes depois que MiFID II entrar em vigor, em janeiro. A instituição citou os “benefícios imediatos de escala” resultantes da fusão das duas maiores gestoras de recursos da Escócia.
As novas regulamentações trazem outros custos, como a expansão dos departamentos de compliance. Paralelamente, bancos e seguradoras podem diminuir o número de gestoras de fundos com as quais se relacionam, uma vez que precisarão documentar transações mais detalhadamente.
Custos tecnológicos
Novas tecnologias também exigem despesas. O total em 2017 chegará a US$ 2,1 bilhões para 40 bancos de investimento e 400 gestoras de ativos que entraram na estimativa da Expand (parte da Boston Consulting Group) e da IHS Markit.
Esses novos custos vão impulsionar a consolidação de forma “massiva”, segundo Andreas Utermann, presidente da Allianz Global Investors, porque se juntam com a ameaça representada pelos fundos negociados em bolsa (exchange-traded funds ou ETFs), que acompanham índices.
“Espero que isso continue”, disse Utermann, responsável por aproximadamente 500 bilhões de euros (US$ 597 bilhões) em ativos, em entrevista à Bloomberg Television nesta semana. “É a regulamentação que aumenta a base de custos das firmas de gestão de recursos, é o aumento do custo de distribuição e é a competição com ETFs que coloca enorme pressão sobre as margens.”
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