Mineradoras divergem em estratégia para mercado de baterias

Por David Stringer.

As maiores mineradoras do mundo, como a BHP e a Glencore, agora acreditam de fato na revolução das baterias de veículos elétricos, mas as gigantes do setor têm uma opinião diferente sobre quais metais vão fornecer a melhor exposição a longo prazo para o mercado global em desenvolvimento.

A BHP reformulou uma unidade de níquel de baixa produção na Austrália Ocidental para focar no setor, enquanto a Rio Tinto acelera projetos para entrar no mercado de lítio. A Glencore se concentra em cobalto e cobre, e a Anglo American avalia perspectivas para a platina e o paládio a serem utilizados em futuras tecnologias de baterias.

“Fizemos uma revisão de todos os materiais de insumo de baterias – níquel, cobalto, lítio”, disse Eduard Haegel, presidente de ativos da unidade Nickel West da BHP. “Acreditamos que, no médio a longo prazo, haverá uma margem que será apropriada para o níquel – achamos que é uma commodity atraente.”

A BHP, a maior mineradora do mundo, voltou atrás nos planos de longo prazode buscar um comprador para a divisão, optando por manter a Nickel West com o objetivo de se beneficiar do crescimento previsto das baterias íon-lítio e da escassez de níquel de alta qualidade. A partir do segundo trimestre de 2020, a unidade começará a produção de sulfato de níquel de cor turquesa brilhante – uma matéria-prima premium para a cadeia de fornecimento de baterias – em uma usina de níquel ao sul de Perth, com planos de realizar a maior expansão do setor.

A perspectiva para as matérias-primas de baterias se consolida à medida que governos estabelecem metas para a desativação de veículos com motor a combustão e montadoras se comprometem a expandir as linhas de modelos elétricos, disse Angela Durrant, analista da Wood Mackenzie, de Sydney. “O perfil está certamente se tornando mais claro”, acrescentou.

A chegada ao mercado de mais de 140 milhões de veículos elétricos até 2030 exigirá 3 milhões de toneladas a mais de cobre por ano, 1,3 milhão de toneladas de níquel e cerca de 263 mil toneladas de cobalto, de acordo previsões da Glencore. Em 2040, quase 60% das vendas de veículos novos e cerca de um terço dos carros em circulação serão elétricos, segundo relatório de maio da BloombergNEF.

A BHP avalia que a oferta global de lítio é abundante e que o cobalto corre risco de substituição, reduzindo a atratividade de ambas as commodities, disse o diretor financeiro da mineradora, Peter Beaven, durante uma palestra em maio. A Rio Tinto também segue cautelosa em relação ao cobalto, enquanto o presidente da Glencore, Ivan Glasenberg, disse em 2017 que a empresa tem “interesse zero” no lítio, em parte devido à falta de oportunidades de arbitragem.

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