Mineradoras levam veículos elétricos para debaixo da terra

Por David Stringer.

A gigantesca mina Olympic Dam, da BHP Billiton, no Outback australiano, é um labirinto de 450 quilômetros de túneis e estradas — campo de testes ideal para a rápida mudança do setor rumo a uma energia mais limpa.

Os cerca de 30 minutos necessários para percorrer a mina de cima a baixo são uma grande oportunidade para a maior mineradora do mundo testar SUVs elétricos em uma tentativa de reduzir os custos e a poluição, incluindo emissões potencialmente prejudiciais de diesel. A BHP tomará uma decisão até meados do ano que vem sobre a possibilidade de estender o programa a uma frota de 240 veículos leves na operação da Austrália Meridional.

“Nosso objetivo final é ter minas completamente livres de diesel”, disse Andrew Draffin, gerente de projetos da Voltra, empresa que forneceu à BHP modelos adaptados do Toyota LandCruiser equipados com motor elétrico e baterias de íons de lítio. “Começamos com veículos leves porque é mais fácil para as empresas provarem o conceito elétrico.”

Embora menos de 1 por cento dos veículos usados na mineração seja atualmente alimentado por baterias, a mudança provavelmente será rápida e substituirá a maioria dos caminhões e das carregadeiras por equipamentos elétricos nos próximos sete a 10 anos, segundo a Epiroc, uma fabricante sueca fornecedora do setor de mineração.

Os avanços da tecnologia e a queda do custo das baterias de íons de lítio estão permitindo que a indústria comece uma possível transformação de suas minas, substituindo equipamentos movidos a diesel como brocas e caminhões de reboque de 40 toneladas por alternativas elétricas mais silenciosas, mais eficientes e menos poluentes.

Os testes da BHP têm o objetivo de demonstrar se o uso de veículos elétricos em minas pode ajudar a reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa, diminuir os custos operacionais e dar impulso a um programa mais amplo de combate aos riscos à saúde dos funcionários causados pela exposição ao material particulado do diesel. A produtora espera eliminar a necessidade atual de parte das 800 pessoas que trabalham sob a terra de usar respiradores.

No Canadá, a Goldcorp já se prepara para dar um salto à frente. A mina subterrânea de Borden, em Ontário — que deverá iniciar a produção comercial no ano que vem –, usará equipamentos totalmente elétricos, eliminando a necessidade anual de cerca de três milhões de litros de diesel.

A eliminação das emissões de diesel debaixo da terra reduz a necessidade da cara ventilação das minas subterrâneas e o equipamento elétrico tem custos operacionais e de manutenção mais baixos, disse Tony Makuch, CEO da Kirkland Lake Gold, que usa caminhões e carregadeiras movidos a bateria na mina de Macassa, em Ontário. A instalação, que atinge profundidades de cerca de dois quilômetros, empregou caminhões elétricos em 2013 e foi a primeira do mundo a usar a tecnologia, segundo a empresa.

“Daqui a 10 anos, acredito que passaremos de uma dependência de 90 por cento a 100 por cento do diesel em algumas minas para menos de 20 por cento. O restante usará baterias”, disse Makuch. “Se todos os equipamentos estivessem desenvolvidos agora, eu gostaria de converter todas as nossas minas de uma vez só.”

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