Por Jasmine Ng.
O bear market do minério de ferro durou praticamente três meses. A matéria-prima subiu e voltou ao bull market bem no fim do primeiro semestre em uma alta impulsionada pelas usinas da China, que ampliaram as compras para reabastecerem seus estoques, e o minério de qualidade superior está em demanda.
O minério com 62 por cento de teor ferroso entregue em Qingdao subiu 3,8 por cento na quinta-feira, para US$ 64,71 a tonelada seca, nível mais alto desde 4 de maio, segundo a Metal Bulletin. Os preços avançaram mais de 20 por cento em relação à maior baixa do ano, de US$ 53,36, atingida apenas duas semanas e meia atrás, o que corresponde à definição comum de bull market. Só nos últimos três dias o valor de referência subiu 14 por cento.
“A aceleração dos leilões físicos sugere um verdadeiro aperto”, disse Daniel Gradwell, economista sênior do Australia & New Zealand Banking Group, em nota. No início da semana, o banco informou que a atividade de trading havia aumentado porque os compradores voltaram ao mercado à vista após um longo período fora.
O avanço do minério de ferro contém uma perda trimestral e coloca a commodity a caminho do maior salto mensal desde outubro, dando impulso a mineradoras como a Rio Tinto Group. Apesar de o rali ter sido acompanhado pela alta do aço, e de as margens das usinas serem vistas como robustas, o aumento surge em um momento em que alguns bancos esperam mais fragilidade devido à oferta crescente. O Goldman Sachs afirma que o preço se dirige para baixo e o Citigroup projeta uma queda de volta à casa dos US$ 40.
“As empresas siderúrgicas estão ampliando ativamente as compras para reconstruir os estoques de minério mantidos nas usinas”, disse Xu Huimin, analista da Huatai Futures em Xangai, acrescentando que anteriormente evitaram comprar devido à queda dos preços. “O sentimento em relação à economia chinesa mudou para melhor.”
O último indicador da força da China surgiu na sexta-feira, com o índice oficial de gerentes de compras para fabricação registrando 51,7 em junho, contra 51,2 em maio. Apesar de ter caído para 54,1, o indicador do setor siderúrgico continua acima do nível de 50 que sinaliza expansão. O país responde por metade da oferta global de aço.
Na China, o minério é mantido tanto em portos quanto nas usinas. Apesar de os estoques portuários terem se expandido a um nível recorde de mais de 140 milhões de toneladas, especula-se que os estoques das usinas sejam muito menores. “No geral, a situação de estoque não é tão ruim quanto parece”, disse Jeremy Sussman, diretor-gerente de metais e mineração da Clarksons Platou Securities, à Bloomberg, por e-mail.
Há indícios de aumento da oferta global. As principais produtoras poderão ampliar as exportações em 3,2 por cento neste trimestre, para 301 milhões de toneladas, estimou a Sanford C. Bernstein em nota, nesta semana, citando dados de monitoramento de navios. A BHP Billiton e a Anglo American tiveram trimestres fortes, segundo a nota.
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