Por Simone Iglesias e Raymond Colitt.
A reforma da Previdência deve atingir todas as categorias, em especial a nata dos servidores públicos, disse o ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, em entrevista à Bloomberg.
“Todas as categorias têm que entrar na reforma. Não só os militares, mas Judiciário, Legislativo, Ministério Público, várias categorias têm que fazer uma reestruturação. Nessa hora, a rede tem que passar e todo mundo tem que entrar”, afirmou Cruz nesta terça-feira em seu gabinete no quarto andar do Palácio do Planalto.
Responsável pelo Programa de Parcerias de Investimentos, que concederá em março 12 aeroportos e a maior ferrovia em extensão do país à iniciativa privada, Santos Cruz disse que a filosofia do governo Bolsonaro é privatizar o máximo possível. O general herdou da gestão Michel Temer o que será o seu primeiro grande negócio à frente do ministério, um pacote de leilões com potencial de arrecadar R$ 7,6 bilhões. “É o máximo de privatizações e o mínimo de estatais”, afirmou.
Questionado se está nos planos do governo privatizar os aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ), e a Infraero, Santos Cruz respondeu: “Toda essa estrutura está passível de ser privatizada (…) O que interessa para o cidadão é a qualidade e o preço dos serviços e o Estado não é focado nisso.”
Santos Cruz negou a crença comum de que os militares são contrários à privatização. Segundo ele, houve um inchaço da máquina pública por motivações “políticas e ideológicas” no Brasil. “Uma coisa é nacionalismo e outra é o estatismo irresponsável, são duas coisas muito distintas. Na mão de pessoas que a usam para projeto de poder, quanto maior for a estrutura pública, melhor. Vivi na Rússia, sei como é”, argumentou.
O general não demonstrou resistência a uma eventual venda da petroquímica Braskem. Nesta terça-feira pela manhã, em Davos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se reuniu com o presidente da LyondellBasell, Jacques Aigrain, que está interessada na empresa brasileira.
“Isso tem que ser avaliado. É questão de análise. Em termos de princípio, não tem nada contra qual a origem da empresa. Às vezes, uma interpretação até muito patriótica das coisas acaba prejudicando o raciocínio lógico”, disse.
Sobre as transações bancárias sob suspeita realizadas pelo filho do presidente Jair Bolsonaro e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), Santos Cruz avalia que o episódio não deve afetar a atuação do governo, nem interferir de forma negativa na relação com o Congresso. No entanto, Santos Cruz cobrou explicações: “É um problema que tem que ser explicado por ele. É importante que tudo seja esclarecido.”
Em entrevistas à imprensa, Flávio Bolsonaro negou qualquer irregularidade e disse que está sendo perseguido. Ele não respondeu a uma mensagem solicitando comentários para esta reportagem.
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