Por Rebecca Spalding.
O dólar cairá 5 por cento nos próximos meses, o Federal Reserve (Fed) não elevará as taxas de juros em breve e os dados econômicos dos EUA só vão piorar.
É o que o chefe de estratégia cambial global do Morgan Stanley, Hans Redeker, disse aos clientes em uma nota publicada na quinta-feira, citando indicadores internos que mostram que a demanda doméstica dos EUA se enfraquecerá nos próximos meses. Os mercados não demoraram em demonstrar que ele foi profético. O dólar recuou 1,3 por cento na sexta-feira e encerrou a pior semana desde abril depois que o Departamento do Comércio disse que o produto interno bruto dos EUA avançou no segundo trimestre a cerca de metade da taxa prevista pelos economistas.
“Estamos bastante pessimistas, em primeiro lugar, em relação ao resultado da economia dos EUA”, disse Redeker em entrevista à Bloomberg TV na sexta-feira, antes da publicação do relatório sobre o PIB. “Ao analisar nossos indicadores internos, que captam muito bem a demanda doméstica, eles sugerem que a força da demanda vai diminuir a partir de agora”.
O dólar teve um rali nas últimas semanas pela crescente especulação de que o Fed aumentará as taxas nos próximos meses após dados melhores que o esperado sobre emprego, vendas varejistas e produção industrial. As esperanças dos otimistas com o dólar foram contidas na quarta-feira pela declaração desanimada das autoridades do Fed sobre a política econômica, que insinuou apenas um ritmo gradual de ajuste da política monetária. Os otimistas abandonaram as esperanças na sexta-feira após a publicação do PIB, que mostrou um acréscimo anualizado de 1,2 por cento no período de abril a junho, abaixo da mediana das projeções dos economistas consultados pela Bloomberg, de 2,5 por cento.
Agora, os traders de derivativos apostam que há apenas uma chance em três de que as taxas sejam elevadas neste ano, contra mais de 50 por cento no começo da semana. Os dados relativos a julho sobre trabalho e produção fabril, que serão publicados na semana que vem, darão aos investidores uma leitura mais clara sobre o rumo da política do Fed até o fim do ano.
O fortalecimento do dólar será limitado porque a divergência entre as políticas econômicas dos EUA, do Japão e da Europa diminuirá, segundo Steven Englander, diretor global de estratégia para moedas do G-10 do Citigroup.
“O dólar ainda se beneficia quando o crescimento dos EUA parece bom, mas deve ser visto como uma operação de divergências vacilante, não como o tipo de operação de divergências de que falávamos no ano passado ou no retrasado”, disse Englander na sexta-feira à Bloomberg TV.
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