Por Cristiane Lucchesi, Vinícius Andrade e Felipe Marques.
O Morgan Stanley e o Citigroup estão entre os bancos que ganham mercado no lançamento de COEs, ou certificados de operações estruturadas, no Brasil, à medida que os investidores buscam alternativas de aplicações em meio a recorde de baixa nos juros.
O Morgan Stanley tem vendido de 20 a 25 COEs por mês, disse Eduardo Mendez, co-responsável pela área de renda variável da América Latina, em entrevista. Isso se compara a 2 ou 3 COEs vendidos em fevereiro do ano passado, quando o banco começou a oferecer o produto, segundo Mendez, que disse que a maior parte da demanda vem de investidores de varejo.
O Citigroup, que como o Morgan Stanley não possui um negócio de varejo ou gestão de ativos no Brasil, acaba de vender para um fundo mútuo um COE de R$ 400 milhões, disse Roberto Serwaczak, responsável pela área de renda variável para América Latina.
“Nós sempre tivemos fé neste produto”, disse Tiago Pessoa, co-responsável pela área de ações da América Latina no Morgan Stanley. “Nós investimos muito e ajudamos os reguladores a criarem mecanismos de controle para dar segurança aos investidores. Então, quando a demanda veio, nós estávamos preparados para isso.”
O estoque de COEs, um título de dívida que contém um derivativo embutido, subiu 61 porcento desde setembro do ano passado, para R$ 16,1 bilhões, de acordo com a B3, que registra os produtos no Brasil.
Alguns dos COEs têm potencial de grandes retornos. Um COE do Morgan Stanley está vinculado a ações da Petrobras, BRF, Itaú Unibanco Holding e Banco do Brasil. Se as ações das quatro empresas permanecerem estáveis ou subirem ao longo de um período de seis meses, os investidores poderão receber até 7,1 porcento. Caso contrário, os investidores permanecem aplicados por períodos de tempo adicionais, com retorno final possível de até 43% em três anos. Se as ações de pelo menos uma das empresas cair, os investidores receberão somente o principal investido.
O Morgan Stanley não lida diretamente com investidores individuais no Brasil. Seus produtos estão sendo distribuídos por plataformas de varejo. A maior delas é a XP Investimentos.
“A grande maioria dos nossos COEs – eu diria 99 porcento – têm o principal protegido contra perdas”, disse Pessoa. “Os investidores brasileiros ainda têm a mentalidade de renda fixa e querem mais retorno, mas sem o risco de perder o valor investido.”
Os COEs podem oferecer exposição a ações, índices de ações, taxas de câmbio ou até mesmo fundos administrados fora do Brasil. Mendez disse acreditar que o mercado também irá evoluir para incluir exposição a fundos locais.
Serwaczak, do Citigroup, disse ver “muitas oportunidades no negócio de investimento estruturado no Brasil”. O banco está emprestando e usando ações como garantia em transações nas quais é possível fixar um piso e um teto para o preço da ação.
“As transações estruturadas ainda não são vendidas diariamente pelo Citigroup, mas estão ganhando popularidade a cada dia”, disse Serwaczak.
Os bancos norte-americanos estão tentando diversificar suas receitas de corretagem na América Latina, à medida que as ações emitidas por empresas da região caíram 15 porcento até agora este ano, para US$ 13,8 bilhões, em relação ao mesmo período de 2017. O volume diário de trading de ações no Brasil aumentou 29 porcento para R$ 11,3 bilhões até agora este ano em comparação com todo o ano de 2017, segundo a B3.
O Morgan Stanley disse que as notas estruturadas representam menos de 10 porcento da receita da corretora do banco, mas está apostando que o mercado vai crescer.
“Acreditamos que esses produtos serão muito significativos ao longo do tempo”, disse Mendez.
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