Por Felipe Marques e Cristiane Lucchesi com a colaboração de Aline Oyamada.
O Morgan Stanley está seguindo os passos do Goldman Sachs ao financiar a crescente indústria de fintechs no Brasil em busca de maiores rendimentos, disseram quatro pessoas com conhecimento direto do assunto.
O Morgan Stanley comprou cerca de R$ 50 milhões em debêntures subordinadas da Geru Tecnologia e Serviços, que oferece empréstimos online para pessoas físicas, disseram duas pessoas, pedindo para não serem identificadas porque nenhum anúncio público foi feito. A compra segue a decisão do Goldman Sachs do ano passado, de fornecer uma linha de crédito de R$ 455 milhões junto com a Fortress Investment Group LLC para o Nubank, empresa de cartões de crédito e contas correntes com todas todas as interações com o cliente feitas por meio de aplicativo.
As startups financeiras de tecnologia crescem no Brasil desafiando os grandes bancos. Cerca de 210 dessas empresas estão operando no país, maior número da América Latina e um aumento em relação aos 54 do início de 2015, de acordo com um relatório da Goldman Sachs de maio de 2017. Elas disputam com os bancos uma receita que o Goldman Sachs estima em US$ 75 bilhões em 10 anos, nos mercados bancários e de seguros.
Em março, a Geru passou a oferecer crédito consignado, no qual os pagamentos são deduzidos diretamente da folha de pagamentos, em parceria com a empresa de crédito ao consumidor Cetelem, do BNP Paribas SA.
Ajudar a financiar as startups pode ser lucrativo para os bancos. Os títulos da Geru, emitidos em dezembro com vencimento de quatro anos, pagam 175% da taxa dos Depósitos Interfinanceiros, ou cerca de 11,2% ao ano. Esse é um retorno melhor do que o disponível, por exemplo, nas debêntures de quatro anos vendidas no mês passado pela Raia Drogasil, que pagam cerca de 105% da taxa interbancária.
Geru e Morgan Stanley não quiseram comentar sobre a compra de títulos.
A Geru também está levantando capital e conversando com investidores internacionais para obter US$ 50 milhões, disse uma das pessoas. A venda da participação está sendo coordenada pela empresa de investimentos QMS Capital, que já detém 10% de participação na Geru, disse a pessoa, acrescentando que o General Atlantic LLC está entre os investidores que consideram uma aquisição.
A Geru confirmou que a QMS Capital tem uma participação na empresa, sem dizer de quanto, e não quis comentar mais. A General Atlantic também não quis comentar.
A Pacific Investment Management Co. também chegou a sondar a possibilidade de concessão de crédito para as fintechs brasileiras, mas decidiu que as transações são muito pequenas, disse uma das pessoas. Uma emissão de títulos de US$ 540 milhões no início deste mês pela Andrade Gutierrez foi mais adequada para a Pimco, que concordou em comprar os papéis fornecendo recursos que podem ajudar a construtora a pagar uma dívida em atraso, disse uma pessoa familiarizada com o assunto neste mês.
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