Mulheres estão no comando dos bancos da Tailândia

Por Anuchit Nguyen “Tang”.

Como um dos quatro presidentes do maior banco da Tailândia, o Kasikornbank, Kattiya Indaravijaya frequentemente conduz entrevistas para cargos seniores. Os candidatos aos empregos são impressionantes. E, quase sempre, são mulheres.

“Fico pensando, não tem nenhum homem?”, disse Kattiya, 51, em uma entrevista em seu escritório, às margens do rio Chao Phraya em Bangcoc. “Não é que eles não passem pelo processo de seleção, eles não se inscrevem. Talvez bancos e finanças sejam do interesse das mulheres. Talvez os homens tenham outra paixão.”

Na Tailândia, onde anos de equidade educacional se combinaram a uma profissão que recompensa habilidades em matemática e mérito, as mulheres ocupam 31 por cento dos cargos em conselhos e comitês executivos nos serviços financeiros — embora a proporção não chegue à paridade, é a mais alta do mundo depois da Noruega e da Suécia, de acordo com um estudo realizado no ano passado pela empresa de consultoria Oliver Wyman. Nos EUA, a representação feminina em cargos similares equivale a 20 por cento. O Japão fica no fim da lista, com 2 por cento.

As mulheres respondem por 57 por cento da força de trabalho tailandesa em finanças e seguros, de acordo com dados estatísticos do governo. No entanto, o fato de que dois terços dos cargos executivos e de gestão sênior sejam ocupados por homens indica que as mulheres tailandesas continuam enfrentando desafios para chegar à equidade, disse Joni Simpson, especialista em gênero, equidade e não discriminação da Organização Internacional do Trabalho em Bangcoc.

“Contabilidade é um campo acessível para as mulheres na Tailândia e, por isso, elas conseguiram avançar neste setor e estão muito visíveis em diversos níveis da hierarquia”, disse ela, citando comportamentos e normas culturais do país. “As chances de que as mulheres cheguem aos patamares mais altos melhoraram.”

No entanto, em todos os setores, as tailandesas ocupam em média menos de 10 por cento dos cargos executivos e de gestão, disse ela. É necessário mais empenho em todos os setores, inclusive nas finanças, para encorajar a orientação, o acesso ao cuidado de crianças e de idosos e as chances para avançar, disse ela.

Kasikornbank

Atualmente no Kasikornbank, as 14.000 funcionárias dobram o número de homens que trabalham na instituição. O banco tem um desempenho superior que o de seus pares: o retorno sobre o patrimônio em 2016 foi de 13 por cento, em contraste com a média de 11 por cento dos bancos tailandeses, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Como primeira presidente do banco, Kattiya enfoca finanças, recursos humanos e integração em todos os departamentos. Com um MBA da Universidade do Texas, em Austin, EUA, ela é uma das duas mulheres presentes na diretoria do banco, composta por 26 membros, de acordo com o site da instituição — e ela foi uma presença incomum em um grande jantar com o primeiro-ministro vietnamita Nguyen Xuan Phuc na reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, em janeiro.

“Eu era a única mulher”, disse ela, mostrando uma foto no celular. “Devia ter pelo menos umas 30 pessoas lá — gente de negócios da Rússia, do Japão e da Tailândia. Então, esse mundo continua dominado pelos homens. As mulheres estão desempenhando papéis mais importantes no mundo dos negócios, mas ainda há mais por vir.”

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