Por Stephanie Baker.
Para as mulheres no Reino Unido, nunca houve um momento melhor para pedir um aumento.
Os diretores das empresas estão correndo para deixar a casa em ordem devido a novas disposições que os obrigarão a publicar as desigualdades salariais entre homens e mulheres — e isso significa que as mulheres têm um pouco mais de alavancagem para buscar rendas e promoções iguais.
Em fevereiro, o governo britânico anunciou que iria exigir que cerca de 8.000 empresas com 250 funcionários ou mais divulgassem as diferenças em salários e bônus entre trabalhadores homens e mulheres. Agora, os executivos estão se debruçando sobre as planilhas para identificar as desigualdades em suas fileiras e alguns afirmam que estão agindo para eliminar as diferenças que encontram.
“Eu vi por mim mesmo o poder de sermos obrigados a divulgar algo”, disse Dido Harding, presidente da TalkTalk Telecom Group. “A minha empresa e muitas outras agora estão analisando os dados e dizendo: ‘O que nós estamos fazendo em relação a isso? Precisamos estar preparados.’”
A regulamentação foi elaborada no governo do primeiro-ministro anterior, David Cameron. Theresa May, segunda mulher a ocupar esse cargo no Reino Unido, tornou as iniciativas pela igualdade um dos pilares do seu governo e quando assumiu o controle em julho prometeu lutar contra a “enorme injustiça” que é “ganhar menos do que um homem pelo fato de ser mulher”.
No Reino Unido as mulheres ganham em média 19,1 por cento menos que os homens, de acordo com um relatório do governo publicado no ano passado. No setor financeiro, a diferença salarial é de 40 por cento. Mesmo com a nova regulamentação, que se aplicaria a mulheres não britânicas que trabalham em empresas britânicas, esse abismo não desaparecerá de um dia para o outro em toda a economia, afirmam os executivos.
Carolyn Fairbairn, diretora-geral da Confederação da Indústria Britânica, grupo de lobby do setor, desaconselhou o governo a “denunciar e envergonhar” as empresas, mas o Reino Unido está seguindo os passos de outros países europeus, como a França e a Áustria, que já exigem que as empresas divulguem dados sobre a diferenças salariais.
As empresas do Reino Unido têm até abril de 2018 para divulgar os números, mas normas preliminares estipulam que elas terão que informar bônus pagos a partir de abril de 2016 e proporcionar informações gerais sobre salários a partir de abril de 2017. Além de informar as discrepâncias na média e na mediana das remunerações, as empresas também terão que publicar o número de homens e mulheres em cada um de quatro níveis salariais, para identificar obstáculos à igualdade. Espera-se que o governo reúna essas informações em um banco de dados onde seria possível realizar buscas, o que levaria à perspectiva de as empresas serem classificadas com base em suas diferenças salariais.
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