Mulheres saem da sombra no mundo da arte e demanda eleva preços

Por Katya Kazakina.

Loie Hollowell provocou uma onda frenética de compras na feira de arte Frieze London, realizada neste mês.

Os quadros da artista de 34 anos, que cria paisagens sexualmente sugestivas, fazem lembrar os de Georgia O’Keeffe e foram arrebatados por colecionadores em minutos, e a lista de espera para suas obras futuras dobrou. Os preços de seus quadros mais que triplicaram desde a primeira exposição individual da artista, há dois anos.

Hollowell faz parte de uma onda de artistas badaladas: mulheres na faixa dos 30 e dos 40 anos de idade que usam gêneros tradicionais, como natureza morta, paisagem e retrato, de maneiras inusitadas. A intimidade de suas pinturas atrai os colecionadores, após uma década em que as obras de muitos de seus equivalentes masculinos bem-sucedidos não pararam de crescer.

O aumento da demanda levou a exposições esgotadas em Nova York dos quadros surrealistas de Julie Curtiss e de Emily Mae Smith e a guerras de lances no leilão das paisagens radiantes de Shara Hughes em Londres. Embora os preços das obras das artistas femininas que estão surgindo geralmente estejam na casa dos milhares de dólares, eles podem disparar. As pinturas figurativas que exploram temas de raça e gênero da nigeriana Njideka Akunyili Crosby renderam à artista de 34 anos o recorde pessoal de US$ 3 milhões em um leilão em março e, neste mês, o prêmio “Genius”, concedido pela MacArthur Foundation.

“Talvez este seja o momento das mulheres”, disse Rachel Uffner, cuja galeria de Nova York representa Hughes. “Elas são artistas realmente boas. Elas vêm trabalhando há algum tempo. E elas continuam fazendo obras cada vez melhores.”

Busca por talentos

O foco nas mulheres é relativamente novo no mundo da arte, dominado por homens durante décadas em leilões e museus. O quadro “Jimson Weed/White Flower No. 1”, de Georgia O’Keeffe, foi vendido por US$ 44,4 milhões em 2014, o recorde para uma artista mulher em um leilão. Em comparação, o preço mais alto pago por qualquer obra vendida em leilão foi para “Les femmes d’Alger (Version ‘O’)”, de Pablo Picasso: US$ 179,4 milhões em 2015.

Mas as coisas estão começando a mudar à medida que negociantes e curadores exploram novos talentos e vasculham a história em busca de artistas mulheres que foram negligenciadas. O Museu de Arte Moderna de São Francisco está preparando a primeira exposição de museu nos EUA da artista libanesa Etel Adnan, que tem 92 anos. A artista japonesa Yayoi Kusama, de 88 anos, que atrai grandes multidões em todo o mundo, vai inaugurar uma exposição no museu do bilionário Eli Broad em Los Angeles neste fim de semana.

“Metade da humanidade é um recurso bastante inexplorado”, disse o artista John Currin em uma conferência de investimento e ideias organizada pelo ex-gerente de hedge Richard Hurowitz nesta semana. “O que perdemos nos últimos 400 anos porque as mulheres não pintaram?”

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