Murphy chega ao Brasil 'para ficar' e mira ativos da Petrobras

Por Sabrina Valle.

Seis meses após aterrissar no Brasil junto com a gigante Exxon Mobil, a americana Murphy Oil está em busca de mais ativos no país.

Empresa quer um campo para chamar de seu, assumindo como operadora, e de preferência já em produção. A americana está entre as inscritas na 15ª rodada de petróleo da ANP, na quinta-feira, e também está de olho em campos à venda pela Petrobras, diz Gregory Hebertson, vice-presidente de exploração global da companhia, numa entrevista à Bloomberg.

“Estamos apenas começando”, disse Hebertson. “Pretendemos continuar aqui por um bom tempo”.

Decidir investir no Brasil é uma estratégia vista como controversa para a empresa, que como outras produtoras americanas sofre pressão de investidores para focar e entregar retorno rápido pelo corte de custos num cenário de preços de petróleo mais baixos.

A Murphy tem uma rara característica híbrida no setor. Produz gás não-convencional (shale gas) em terra na América do Norte, e petróleo em águas profundas no resto do mundo. Investidores prefeririam que a empresa escolhesse um caminho só, em vez de dois tipos de produção com estratégias e tecnologias completamente distintas. Mas a Murphy quer manter a produção dividida em metade vinda de EUA e Canadá em terra, metade de águas profundas no exterior.

“A hora de entrar em exploração é agora, pois você consegue aproveitar os custos baixos”, diz Hebertson no escritório da Bloomberg no Rio de Janeiro. “Sísmica, sondas, você consegue tudo o que precisa, num negócio que é de risco, por um custo baixo. É assim que se ganha com exploração”.

A companhia, que produz 168 mil bpd ou menos de um décimo da Petrobras, garantiu um crescimento modesto no curto prazo vindo de suas operações de shale gas na América do Norte, ele diz. Nos próximos três a sete anos, o crescimento virá das operações em águas profundas de Malásia, Austrália, Vietnã e, agora, Brasil. A americana encontrou no país – uma democracia estável, com grandes reservas e nova regulação de petróleo convidativa a empresas estrangeiras – seu par perfeito, diz.

“Isso vai render mais para frente enormes dividendos para nossos investidores”, disse.

Em setembro, a Murphy anunciou um acordo para comprar da brasileira QGEP uma fatia de 20% em dois blocos de águas profundas na bacia de Sergipe e Alagoas.

A Exxon, que inicialmente competia com a Murphy pelos mesmos ativos da QGEP, acabou se tornando parceira. A brasileira promoveu o casamento entre as duas conterrâneas.

A gigante americana, maior petroleira do Ocidente, se tornou operadora com uma fatia de 50%; enquanto a QGEP manteve 30% dos dois blocos. Na sequência, as três empresas se uniram para a compra de dois blocos adjacentes na 14ª rodada, em 2017. São, hoje, sócias em quatro blocos.

“Foi uma forma de entrar a um custo baixo”, diz o executivo.

Murphy agora está em busca de um “bom ativo” que gere receita e ajude a financiar outros projetos ainda sem produção. As reservas gigantes do pré-sal, queridinhas das gigantes do setor, não estão no foco prioritário de uma companhia de médio porte como a Murphy, diz.

“Tem muita oportunidade disponível para empresas do nosso porte no Brasil”.

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