Não revelar remuneração pode piorar desigualdade salarial

Por Rebecca Greenfield.

“Quanto você ganha em seu emprego atual?” Para as mulheres, será que existe alguma resposta boa para essa pergunta tão temida das entrevistas de trabalho?

Até mesmo não responder nada pode afetar o salário das mulheres, segundo um novo estudo. Quando se pergunta a candidatos a um emprego sobre o salário atual, as mulheres são punidas por não querer responder, mas os homens são beneficiados, de acordo com uma pesquisa conduzida por PayScale, um site de comparação de salários.

No começo da carreira, as mulheres ganham cerca de US$ 0,90 por cada dólar do salário de um colega homem, de acordo com dados recentes do Pew. Alguma disparidade pode persistir ao longo de toda a carreira, especialmente se os salários futuros se basearem nas remunerações anteriores. Até mesmo depois de fazer ajustes de acordo com experiência, escolaridade e outros fatores, as mulheres ganham 5,6 por cento menos que os homens, disse a chefe de equidade salarial da Glassdoor à Bloomberg em abril.

Para combater isso, Massachusetts, a cidade de Nova York e a Filadélfia aprovaram vetos para proibir que empregadores perguntem a candidatos sobre sua remuneração anterior, segundo a hipótese de que essas perguntas pioram a desigualdade salarial para mulheres e minorias. Mas essa prática continua sendo legal e comum na maioria dos lugares. Por isso, muitos candidatos são aconselhados a não revelar seu salário atual mesmo se perguntarem.

No estudo da PayScale, quase metade dos mais de 15.000 trabalhadores de tempo integral consultados disse que a pergunta foi feita no processo de contratação. Mas as mulheres que se recusaram a revelar acabaram recebendo ofertas salariais 1,8 por cento mais baixas que o oferecido às mulheres que revelaram. Os homens que se recusaram a dizer o número, no entanto, acabaram ganhando mais do que aqueles que optaram por divulgar.

Isso criou uma desigualdade salarial de 3 por cento entre os homens e as mulheres que se recusaram a responder.

“Isso vai de encontro ao conselho que temos dado às mulheres”, disse Lydia Frank, vice-presidente de estratégia de conteúdo da PayScale.

Tanto homens quanto mulheres são aconselhados a evitar falar sobre o valor de remunerações anteriores durante as negociações salariais. Isso é considerado particularmente importante para as mulheres, que podem acabar ganhando menos que os homens porque já ganhavam menos no emprego anterior — mas as conclusões da PayScale sugerem que seguir esse conselho também poderia prejudicá-las (no entanto, não é novidade que as mulheres tenham que caminhar sobre uma corda bamba no processo de contratação: outra pesquisa concluiu que elas são punidas por serem tão assertivas quanto os homens em negociações salariais).

Então, ao recusar falar de seu histórico salarial, por que mulheres são punidas por fazer o mesmo que rende um aumento à remuneração dos homens?

“Simplesmente não responder à pergunta pode dar uma má impressão ao recrutador”, disse Frank. Recrutadores costumam buscar colaboração em candidatas mulheres, disse ela; um candidato que opte por não responder pode ser considerado pouco cooperativo.

Recrutadores também podem supor que uma mulher que se recusa a revelar seu salário faz isso porque ele é baixo. “Se elas preferem não revelar, podem transmitir que não estão satisfeitas com o salário atual”, disse Frank.

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