Nasa lança sonda em asteroide após Terra escapar de colisão

Por Eric Roston.

Os astrônomos deram um suspiro de alívio coletivo na semana passada quando um asteroide de 30 metros de comprimento que viajava em direção à Terra errou o planeta por 80.000 quilômetros — apenas um quinto da distância para a Lua. Por mais confortante que seja o fato de uma calamidade terrestre ter sido evitada, continua sendo preocupante que ninguém tenha previsto o acontecimento.

Essa quase colisão ocorreu alguns dias antes da data em que a Nasa planeja lançar uma sonda de US$ 800 milhões que pousará em um asteroide muito maior, remanescente da criação do Sistema Solar, que deverá fornecer pistas sobre a origem da Terra.

A missão OSIRIS-REx (Origins Spectral Interpretation Resource Identification Security—Regolith Explorer) deverá ser lançada em 8 de setembro do Cabo Canaveral, na Flórida.

A missão “leva adiante nossos objetivos mais práticos de entender os recursos da região do Sistema Solar próxima à Terra — e também as ameaças”, disse Jeffrey Grossman, cientista da missão, em entrevista coletiva no mês passado.

A sonda visitará um “objeto próximo à Terra” que traça uma órbita ao redor do Sol similar à da Terra. O asteroide, chamado Bennu — nome dado por um garoto de nove anos de idade da Carolina do Norte, EUA –, é recomendado por diversas razões. Ele é antigo — basicamente, o resto da massa de pizza do início do Sistema Solar. Como resultado, ele pode guardar parte dos segredos químicos que contam como a Terra foi semeada com o potencial para vida.

No entanto, o fato de ser um objeto próximo à Terra não transforma o Bennu em colega do nosso planeta. Pelo fato de estar nas proximidades, ele passa pela Terra a cada seis anos, tão perto que os cientistas atribuem a ele uma chance de uma em 2.700 de nos atingir nos próximos dois séculos.

É tentador acreditar que as leis de Kleper sobre movimentos planetários descrevem os objetos celestes, incluindo asteroides e cometas, com rotas imutáveis e calculadas precisamente ao redor do Sol. Mas tem algo mais. A OSIRIS-REx medirá um fenômeno conhecido como “Efeito de Yarkovsky”, que parece saído de um romance de espionagem. Um grande pedaço de rocha pode ganhar velocidade à medida que a luz do Sol o aquece e a escuridão do espaço o resfria. Essa aceleração pode mudar ligeiramente sua direção. O efeito “age como um propulsor e altera a trajetória do asteroide”, disse Dante Lauretta, principal pesquisador da missão e professor da Universidade do Arizona, EUA, no mês passado. “Por isso, se você quer prever para onde irá um objeto como o Bennu no futuro, você tem que levar em conta esse fenômeno”.

Isso significa que o Bennu, que foi descoberto em 1999, ainda poderá surpreender os astrônomos quando sua órbita começar a acompanhar a da Terra mais de perto, daqui a 160 anos. Ao coletar dados precisos sobre a composição, a forma e as características de sua superfície, a Nasa espera poder documentar o Efeito de Yarkovsky mais detalhadamente e, consequentemente, ter uma melhor noção do risco que os asteroides representam para a Terra — como o “2016 QA2”, aquele que quase se chocou com o planeta recentemente.

Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.

Agende uma demo.