Por Brian Parkin.
O futuro da tecnologia de energia das marés pode estar em risco. A Naval Group, pioneira do setor, abandonou os investimentos futuros no negócio afirmando que não consegue fazer frente à concorrência das turbinas eólicas e à queda do apoio governamental.
De 2008 para cá, a empresa francesa investiu cerca de 250 milhões de euros (US$ 291 milhões) na tecnologia que aproveita os movimentos das marés para gerar eletricidade, disse a porta-voz Klara Nadaradjane nesta sexta-feira, por telefone, da sede da empresa, em Paris. Cerca de 100 pessoas perderão os empregos, disse.
A Naval Group prevê que lucrará mais com o desenvolvimento de parques eólicos offshore flutuantes e com a chamada conversão de energia térmica oceânica, que aproveita as diferenças de temperatura da água para gerar energia, informou a empresa em separado, em seu website. A Naval Energies, uma unidade do grupo, desativou seu terceiro e mais antigo braço comercial em reunião em 26 de julho, apenas dois dias após conectar um novo projeto de maré à rede no Canadá.
“O mercado de energia de turbinas de maré está fechando”, afirmou o grupo em seu website.
A empresa citou o plano da França de limitar o apoio a novos projetos de marés a 100 megawatts a 150 megawatts de capacidade até 2030. Ressaltou também a decisão do Reino Unido de fazer a energia das marés competir com a energia eólica offshore por contratos de compra de energia. A Naval Group afirmou que é incapaz de reduzir a “diferença entre a tecnologia e a demanda do mercado”.
O governo britânico rejeitou, em junho, um projeto de energia das marés de US$ 1,7 bilhão em Gales do Sul, afirmando que outras formas de energia limpa poderiam gerar eletricidade a um terço do custo. A Tidal Lagoon Power, uma empresa com sede no Reino Unido, afirmou em maio que o interesse do governo pela energia da maré parecia estar diminuindo.
Considerando que a queda dos preços da energia offshore reduzem a atratividade dos projetos de maré, os investidores precisam cortar custos e estimular a inovação, afirmou o Conselho Mundial de Energia (WEC, na sigla em inglês) em relatório de 2016. Na época havia apenas 500 megawatts de capacidade de energia marítima global instalada, 99 por cento dela energia das marés. Havia outro 1,7 gigawatt em projetos em construção.
“Nós amamos nosso produto de energia das marés, mas a energia eólica alcançou uma economia de escala e uma competitividade tecnológica contra as quais não podemos competir”, disse Nadaradjane. “O custo da energia da maré era uma ameaça potencial à Naval.”
Por se tratar de uma grande investidora em energia das marés, a mudança de rumo da Naval Group em relação à tecnologia pode ter repercussões em todo o setor, colocando em risco grandes projetos que continuam na prancheta.
A situação também é embaraçosa para a empresa francesa, que comprou o controle majoritário da OpenHydro Group em 2013 com uma avaliação de cerca de 130 milhões de euros da empresa, disse Angus McCrone, editor-chefe da Bloomberg New Energy Finance.
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