Nem Brasil nem China: México é o maior alvo dos baixistas das ações

Por Ben Bain e Elena Popina.

Os investidores em ações coroaram o México como o mercado preferido contra o qual apostar.

O interesse no curto prazo no iShares MSCI Mexico Capped ETF, da BlackRock Inc., de US$ 1,2 bilhão, está em mais de 40 por cento das ações pendentes, em comparação com 13 por cento no começo de maio, a maior taxa entre mais de 1.100 fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) acompanhados pela Bloomberg com um valor de mercado de pelo menos US$ 300 milhões. De acordo com essa medição, os traders estão com a postura mais baixista em relação às ações mexicanas desde fevereiro de 2009, segundo dados compilados pela Markit.

Hedge funds e outros especuladores estão utilizando os ETFs para apostar que as ações mexicanas estão caminhando para uma queda depois de terem resistido recentemente melhor do que as ações de vários mercados emergentes, do Brasil à China, graças ao otimismo em relação a que a abertura do setor de energia do país alimentaria um crescimento mais rápido. Depois de uma baixa prolongada no petróleo bruto e da queda do peso para um valor mínimo recorde, o brilho das ações mexicanas, cujas avaliações quase triplicam a média do MSCI Emerging Markets Index, está desaparecendo.

“Eles só querem garantir que vão lucrar quando o México cair em relação a outros mercados emergentes”, disse Eric Balchunas, analista de ETFs da Bloomberg Intelligence, em entrevista por telefone de Princeton, Nova Jersey. “É uma representação ou um indicador muito bom do que os investidores inteligentes estão pensando sobre o México”.

Vítima do sucesso

De certa forma, o mercado acionário do México poderia ser vítima do seu próprio sucesso relativo. O BlackRock Mexico ETF perdeu 9,8 por cento desde junho, em comparação com o declínio de 34 por cento no iShares MSCI Brazil Capped ETF, de US$ 1,8 bilhão, e com a queda de 22 por cento no iShares MSCI China ETF, de US$ 1,8 bilhão. Os vendedores a descoberto tomam ações emprestadas e vendem no intuito de lucrar ao comprá-las a um preço mais baixo posteriormente.

Vender ações mexicanas a descoberto “é relativamente menos arriscado porque o preço já se corrigiu por enquanto para o mercado brasileiro”, disse Nick Chamie, que administra US$ 150 milhões em ativos como diretor de investimentos da unidade internacional de gestão da riqueza do Bank of Nova Scotia em Toronto. “A fraqueza dos preços do petróleo teve um custo na confiança no México”.

Embora a Infraestructura Energética Nova SAB, a unidade da Sempra Energy conhecida como Ienova, seja a única companhia de energia de capital aberto no índice IPC, de 35 membros, que não está no ETF da BlackRock, os investidores vinham procurando fluxos de entrada decorrentes da abertura do setor de energia para impulsionar a bolsa mexicana. O presidente Enrique Peña Nieto impulsionou as mudanças constitucionais em 2013, uma medida que, segundo estimou sua administração, ajudará a captar US$ 62,5 bilhões em investimentos privados e adicionará pelo menos 1 ponto porcentual ao crescimento anual do PIB do México por volta de 2018.

Talvez os investidores que estão vendendo ações mexicanas a descoberto também estejam apostando contra o peso, que atingiu o valor mínimo recorde de 17,3425 por dólar na quinta-feira. Desde abril, as opções têm mostrado uma aposta líquida em uma queda do peso frente à verdinha.

“A opinião geral e a confiança nos mercados emergentes simplesmente não têm sido boas”, disse Balchunas. “O México não tem sido tão prejudicado quanto alguns dos outros países dos mercados emergentes, portanto possivelmente eles observem que o mercado tenha que se atualizar com uma queda. É quase como o contrário de uma pechincha”.

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