Nicolás Maduro sinaliza desejo de aproximação com Biden

Nicolás Maduro sinaliza desejo de aproximação com Biden

Por Erik Schatzker, Patricia Laya e Alex Vasquez

Sentado em uma cadeira dourada Luís XVI em seu gabinete em Miraflores, o enorme palácioneobarroco localizado no noroeste de Caracas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, projeta uma confiançainabalável.

Durante uma entrevista de 85 minutos à Bloomberg Television, ele afirma que o país se libertou da “irracional, extremista, cruel” opressão dos EUA. Rússia, China, Irã e Cuba são aliados. A oposição a ele dentro do país éimpotente. Se a Venezuela tem uma imagem ruim, é por causa de uma cara campanha para demonizar o presidente e seu governo socialista.

A grandiloquência era previsível. Mas entre denúncias contra o imperialismo ianque, Maduro fez um apelo públicodiretamente ao presidente americano, Joe Biden. A mensagem: chegou a hora de um acordo.

Dona da maior reserva mundial de petróleo, a Venezuela está faminta por capital e desesperada para recuperar o acesso aos mercados globais de dívida e commodities após duas décadas de transformações anticapitalistas equatro anos de paralisantes sanções impostas pelos EUA. O país está inadimplente, sua infraestrutura em ruínas emilhões de habitantes lutam diariamente apenas para sobreviver.

Embora tenha denunciado a intervenção dos EUA, Maduro diz que quer que as sanções sejam levantadas pelo governo Bidene que os investimentos estrangeiros fluam para lá.

“Se a Venezuela não pode produzir e vender petróleo, não pode produzir e vender seu ouro, não pode produzir e vender sua bauxita, não pode produzir ferro, etc., e não pode gerar receita no mercado internacional, como pode pagar os detentores de títulos venezuelanos?”, questiona Maduro, 58 anos. “Este mundo tem que mudar. Esta situação tem que mudar.”

E muita coisa mudou desde que Donald Trump impôs sanções a Caracas e reconheceu como presidente o líder da oposição, Juan Guaidó. O objetivo explícito do ex-presidente americano — expulsar Maduro do cargo — fracassou. Guaidó hoje está marginalizado, os venezuelanos sofrem mais do que nunca e Maduro está firme no poder.

Mas tem havido um pouco do que é urgentemente necessário para acabar com o pior desastre humanitário do Ocidente: concessões — por parte de Maduro, da oposição e de Washington.

Maduro espera que um acordo para aliviar as sanções atraia uma enxurrada de investimento estrangeiro, crieempregos e reduza a miséria.

“A Venezuela vai se tornar a terra das oportunidades”, diz ele. “Estou convidando investidores dos EUA para que eles não fiquem para trás.”

Nos últimos meses, políticos democratas dos EUA — incluindo Gregory Meeks (presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara de Deputados), o deputado Jim McGovern e o senador Chris Murphy — defendem que o governo americano reconsidere sua postura. Maduro — que raramente sai de Miraflores ou da base militar onde dorme — está aguardando um sinal de que o governo Biden está pronto para negociar.

“Não houve um único sinal positivo”, diz ele. “Nenhum.”

Uma virada repentina parece improvável. Com amplo apoio do Congresso, o governo Trump acusou a Venezuela por violações de direitos humanos, eleições fraudulentas, tráfico de drogas, corrupção e manipulação cambial.

As sanções impostas a Maduro, sua esposa, dezenas de funcionários públicos e empresas estatais continuam em vigor. Embora a política de Biden de restaurar a democracia com “eleições livres e justas” seja notavelmente diferente da defendida por Trump, os EUA ainda consideram Guaidó o legítimo líder da Venezuela.

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