Níquel é nova dor de cabeça para fabricantes de automóveis

Por Mark Burton.

Garantir a oferta de lítio e cobalto, matérias-primas essenciais para baterias, tem sido uma dor de cabeça para as fabricantes de carros elétricos, mas no momento o que realmente preocupa é a oferta de níquel e grafite.

As fabricantes de automóveis, que se preparam para o aumento das vendas de veículos elétricos no início da década de 2020, se perguntam cada vez mais onde conseguirão níquel e grafite suficientes para as baterias, segundo Simon Moores, diretor-gerente da Benchmark Mineral Intelligence. A preocupação com o lítio e o cobalto diminuiu porque as mineradoras aceleraram a produção em novos projetos.

“Nos últimos anos os motivos de preocupação delas foram o lítio e o cobalto”, disse Moores em entrevista coletiva, em Londres. “Nos últimos quatro meses a situação mudou; elas parecem bastante confiantes de que o lítio e o cobalto estarão à disposição quando precisarem.”

Investidores e mineradoras já estão alertas ao risco de a oferta não corresponder à demanda. Uma pesquisa encomendada pela gigantesca trading de commodities Glencore indica que a demanda global por níquel em veículos elétricos atingirá quase 1 milhão de toneladas até 2030. O total equivale a 55 por cento do metal produzido globalmente em 2017. Os preços deverão dobrar até 2022, mas por enquanto ainda é pouco provável que as produtoras acompanhem a demanda da indústria automotiva, segundo a Wood Mackenzie.

A projeção otimista para a demanda por baterias tem ajudado a isolar o níquel da forte queda dos metais de base das últimas semanas. Os preços subiram 5,7 por cento no ano até agora, para US$ 13.490 por tonelada, e outros metais de base negociados na Bolsa de Metais de Londres estão em baixa.

A exemplo do que ocorreu com o lítio e o cobalto, há uma crescente preocupação a respeito de como as produtoras de níquel e grafite fornecerão metal da qualidade certa nas quantidades certas quando as vendas começarem a aumentar devido à popularização dos veículos elétricos, disse Moores.

Mas os investidores que apostam no futuro do níquel em baterias podem sofrer mais apertos do que aqueles que buscam retornos na indústria de cobalto e lítio, alertou Caspar Rawles, analista da Benchmark Minerals.

“O único problema que o níquel pode enfrentar é que os investidores tentem aproveitar o que aconteceu com o níquel e o cobalto há alguns anos e é cedo para isso”, disse Rawles, em Londres. Atualmente, é o uso convencional no aço inoxidável que está impulsionando a demanda e faltam muitos anos para que o aquecido mercado de baterias comece a afetar os preços, disse.

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