Níquel vira bônus para mineradoras que miram riqueza do cobalto

Por David Stringer.

As mineradoras capazes de oferecer um acordo de abastecimento estilo dois por um às fabricantes de baterias — cobalto mais níquel — pretendem conquistar uma fatia maior do boom global dos veículos elétricos.

Os dois metais muitas vezes são encontrados nos mesmos depósitos, o que cria uma oportunidade para as mineradoras e uma série de projetos antes ignorados, agora que o níquel, a exemplo do cobalto, ganha cada vez mais importância como material para baterias. Mas a ideia tem seus riscos porque o processamento pode ser mais caro e complexo.

O níquel está preparado para um rápido aumento da demanda em um momento em que a busca pela melhora do desempenho dos veículos elétricos estimula uma mudança para uma composição química das baterias que demandará uma quantidade maior do metal. Os veículos atualmente respondem por apenas 2 por cento da demanda por níquel de alta pureza, mas em 2030 precisarão de uma quantidade superior a toda a produção do ano passado, informou a Bloomberg New Energy Finance em relatório de maio.

Além disso, não há muitas minas novas entrando em produção que possam fornecer o tipo de níquel necessário para os veículos da próxima geração, segundo a Ardea Resources, que está desenvolvendo um projeto perto de Kalgoorlie, na Austrália Ocidental, que também produzirá cobalto.

“O níquel é muito atraente”, disse Katina Law, presidente-executiva da empresa com sede em Perth. “Trata-se de uma área em que provavelmente haverá escassez no futuro — há um déficit de oferta que podemos resolver.”

Outras produtoras além da Ardea são a Australian Mines e a Clean TeQ Holdings, na Austrália, e a canadense Royal Nickel. A BHP Billiton, a maior mineradora do mundo, também realiza trabalhos de teste para a produção de sulfatos de níquel e de cobalto, materiais usados em baterias recarregáveis.

Até 2030 a demanda por baterias para veículos elétricos de passageiros e ônibus se multiplicará por 25, o que promete um grande impulso para o cobalto, o níquel e uma série de outros metais, estima a Bloomberg NEF. Ao mesmo tempo, existe o risco de que os planos da indústria automotiva sejam afetados pela falta de materiais, segundo a consultoria Wood Mackenzie.

As produtoras de baterias buscam fechar acordos de fornecimento de longo prazo por níquel e as operações capazes de fornecer diversas matérias-primas para baterias terão demanda, disse Benjamin Bell, diretor-gerente da Australian Mines, que em março fechou acordo com a SK Innovation para a produção de sulfatos de cobalto e de níquel em sua mina planejada para Queensland, na Austrália.

“Isso facilita, porque desta forma elas dependem de menos peças móveis na cadeia de abastecimento”, disse por telefone.

A Australian Mines, que espera ganhar uma fatia igual de receitas com níquel e cobalto a longo prazo, está discutindo acordos de fornecimento para seus outros projetos planejados em parceria com produtoras de baterias japonesas e sul-coreanas, entre outras, disse Bell.

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