Por Aviel Brown e Aline Oyamada.
Investidores de mercados emergentes começaram a se preocupar com a perspectiva para o crescimento econômico global. Mas uma classe de ativos emergentes pode se provar mais resistente a uma virada dos mercados – os títulos de dívida externa.
Os bonds soberanos de países em desenvolvimento denominados em moeda estrangeira tiveram o melhor desempenho mensal em uma década em janeiro e os ganhos se estenderam em fevereiro. Por outro lado, o avanço dos títulos denominados em moeda local já começou a dar sinais de perda de fôlego, em meio a especulações de que o desaquecimento econômico pode abrir espaço para os bancos centrais cortarem juros, o que reduz a atratividade das moedas emergentes.
A postura mais dovish do banco central americano aliviou a pressão por políticas monetárias mais apertadas ao redor do mundo. A Índia já surpreendeu neste mês ao cortar os juros na tentativa de estimular a demanda interna. O mercado de swaps aponta expectativa de cortes de juros no México e Turquia. Para Brasil, Malásia, Tailândia e China, a expectativa é de manutenção das taxas nos próximos seis meses.
“Temos preferência por (papéis denominados em) moedas fortes”, disse Jim Barrineau, responsável por dívidas de mercados emergentes da Schroders, em Nova York. Com a taxa dos títulos do Tesouro americano permanecendo abaixo de 3 por cento, “a busca por rendimento em dólares vai se acelerar”.
Barrineau recomenda títulos de países com classificação de risco na faixa B e que tenham fundamentos estáveis, como Argentina, Líbano e Ucrânia.
Ele considera o Equador uma boa aposta, contanto que o país assine um acordo de crédito com o Fundo Monetário Internacional.
Um índice do JPMorgan que acompanha títulos soberanos denominados em dólares emitidos por nações emergentes recuou 4,3 por cento no ano passado, a maior queda desde 2013. Em janeiro, esses papéis geraram retorno de 4,4 por cento, o maior ganho mensal em uma década.
Se o crescimento econômico tropeçar, a tendência é a queda dos títulos denominados em moeda local e também em moeda forte por causa do menor apetite por risco, disse Per Hammarlund, estrategista-chefe para mercados emergentes da SEB, em Estocolmo. Ainda assim, ele entende que o desempenho dos últimos provavelmente será superior por causa das preocupações em relação ao câmbio.
Títulos globais de nações emergentes também se mostrarão melhores do que dívidas locais se a economia americana evoluir mais fortemente do que o esperado, disse Samy Muaddi, gestor de recursos da T. Rowe Price Group, em Baltimore, nos EUA.
“Apesar da nossa visão construtiva das dívidas em moeda local de mercados emergentes no curto prazo, há risco de o ciclo de aperto nos EUA ser retomado no segundo semestre de 2019, pressionando essas moedas”, afirmou Muaddi.
“Esse risco seria particularmente alto para países com política monetária frouxa.”
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