Notícias da China são boas para mineradoras e siderúrgicas

Por Ranjeetha Pakiam.

Os carregamentos históricos de minério de ferro que estão chegando à China e a exportação menor de aço são bons sinais para empresas de mineração como BHP Billiton, Rio Tinto e Vale e uma notícia positiva também para produtoras de metais rivais como a europeia ArcelorMittal.

As aquisições de minério subiram 13 por cento em fevereiro, para 83,5 milhões de toneladas, uma alta histórica para o mês, sendo que os carregamentos no acumulado do ano também apresentam aumento de 13 por cento, para 175 milhões de toneladas, segundo dados de comércio exterior divulgados nesta quarta-feira. As exportações de produtos siderúrgicos caíram para 5,75 milhões de toneladas em fevereiro, menor patamar desde o mesmo mês de 2014.

A China é a maior compradora de minério e a maior fornecedora de aço do mundo, e o aumento das importações de minério e a queda nas vendas de aço no exterior denotam uma recuperação da indústria siderúrgica do país com a estabilização da economia, o aumento da produção das usinas locais e a venda de uma produção maior no mercado doméstico. Com os preços locais do aço mais fortes em comparação com os valores dos principais destinos de exportação, no momento há um incentivo maior para as produtoras de aço venderem domesticamente, segundo a Marex Spectron.

“Para as mineradoras internacionais, vindo do lado da oferta, isso sugere que as usinas chinesas continuam dependendo da importação de minério, e por isso esta pode ser uma notícia positiva”, disse Tan Hui Heng, analista da Marex Spectron em Cingapura, por e-mail. “No caso das usinas siderúrgicas internacionais que são concorrentes diretas do aço chinês isso pode ser um alívio.”

O minério à vista com 62 por cento de conteúdo caiu 2,9 por cento nesta quarta-feira, para US$ 87,19 a tonelada, após atingir US$ 94,86 em 21 de fevereiro, maior nível desde 2014, segundo a Metal Bulletin. A matéria-prima mais do que dobrou de valor desde que atingiu o fundo do poço, em dezembro de 2015, e a recuperação chinesa também beneficiou o aço.

Visão do JPMorgan

Contudo, frente à expansão maior da oferta de minério de ferro, os analistas ressaltaram os riscos de recuo. “O minério de ferro chegará mais perto de US$ 60 a tonelada no fim do ano”, disse Sally Auld, economista-chefe e chefe de estratégia de câmbio e renda fixa do JPMorgan para a Austrália, à Bloomberg TV, nesta quarta-feira, antes da divulgação dos dados.

As aquisições da China podem continuar se expandindo com a oferta maior da mina S11D da Vale, de US$ 14 bilhões. O primeiro carregamento de minério da S11D, mistura que incluiu material de outras minas no Brasil, terminou de ser desembarcado na China em 3 de março. Na Austrália, a mina Roy Hill, da bilionária Gina Rinehart, também está ampliando sua produção.

As importações históricas de minério de ferro do mês passado ocorreram em um momento em que os estoques portuários chineses atingiram níveis sem precedentes. Os estoques subiram 8,2 por cento em fevereiro, maior ganho em três anos, e atualmente estão em um nível recorde de 130 milhões de toneladas, segundo a empresa Shanghai Steelhome E-Commerce.

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