Nova tecnologia visa melhorar baterias de veículos elétricos

Por David Stringer e Kevin Buckland.

Para fornecer um veículo elétrico mais barato, seguro e capaz de viajar 800 quilômetros com uma única carga, a indústria automobilística precisa realizar um grande avanço na tecnologia de baterias. É mais fácil falar do que fazer.

Cientistas no Japão, na China e nos EUA estão entre os que lutam para decifrar a maneira de aumentar significativamente a quantidade de energia que uma célula de bateria pode armazenar e alinhar o alcance de um veículo elétrico ao de um tanque cheio de gasolina. Essa busca tem se concentrado na tecnologia de estado sólido, uma reforma da arquitetura interna de uma bateria para usar materiais sólidos em vez de líquidos inflamáveis para permitir o carregamento e a descarga. A tecnologia promete grandes melhorias nos atuais pacotes de íons de lítio que, segundo as montadoras, estão atingindo os limites de suas capacidades de armazenamento e talvez nunca tenham energia suficiente para os modelos de longa distância.

Se for possível dominá-la, a tecnologia de estado sólido pode ajudar a acelerar o fim do carro com motor de combustão e, potencialmente, reduzir os tempos de carregamento de veículos elétricos, de várias horas para cerca de 10 minutos. A rede de supercarregadores construída pela Tesla, que atualmente oferece alguns dos tempos de carga mais rápidos, precisa de cerca de 30 minutos para levar um carro esgotado a 80 por cento.

“Nós não vemos outra maneira de chegar lá sem a tecnologia de estado sólido”, disse Ted Miller, gerente sênior de estratégia e pesquisa sobre armazenamento de energia da Ford Motor, em Detroit, EUA, que estudou várias tecnologias para fornecer baterias mais poderosas para veículos elétricos. “O que eu não posso prever agora é quem vai comercializá-la.”

Prêmio

O prêmio para quem conseguir isso é enorme. Estima-se que a adoção de veículos elétricos alimentará um aumento exponencial do número de baterias de íons de lítio, o principal substituto do motor de combustão interna. O último relatório da Bloomberg NEF mostrou que os ônibus e os carros elétricos respondiam por 44 gigawatts-hora de demanda de bateria de íons de lítio em 2017 — e até 2030 essa demanda deve aumentar para 1.500 gigawatts-hora por ano. Quem tiver uma bateria de estado sólido viável capaz de superar o rendimento da tecnologia de íons de lítio poderia ganhar vantagem em um mercado para todas as baterias de veículos elétricos que valerá cerca de US$ 84 bilhões em 2025, comparado com cerca de US$ 23 bilhões agora, segundo o UBS Group.

Para conseguir isso, há uma lista de quebra-cabeças para resolver. Atualmente, as baterias dos protótipos têm uma vida útil muito curta para um veículo e sofrem de baixa condutividade, custos não competitivos e, às vezes, inchaço e encolhimento violento dos materiais quando carregadas ou descarregadas. Quando os cientistas resolvem um problema, isso normalmente exacerba outro, disse Yasuo Ishiguro, diretor administrativo do Consórcio para o Centro de Avaliação e Tecnologia de Baterias de Íons de Lítio do Japão (LIBTEC, na sigla em inglês). O grupo de mais de 25 empresas — entre elas Toyota, Panasonic e Nissan Motor — é financiado com cerca de US$ 90 milhões em fundos do governo para acelerar o avanço.

“Entre todos os players, parece que cada um resolveu uma, duas ou três das cinco coisas mais importantes, mas nenhum resolveu realmente tudo”, disse Henrik Fisker, presidente e CEO de sua fabricante homônima de veículos elétricos com sede em Los Angeles.

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