Novartis tem grandes ambições com tratamento contra câncer

Por James Paton.

A Novartis está avançando com um de seus mais ambiciosos tratamentos contra o câncer. A empresa farmacêutica suíça afirma que ele tem um grande potencial de sucesso e pretende ampliar o espectro dessa tecnologia a um conjunto maior de pacientes afetados por tumores.

A segunda maior empresa farmacêutica da Europa pretende testar seus tratamentos CART-T — que envolvem a extração de células imunes e a engenharia genética para que elas cacem e matem células cancerosas quando forem reinseridas no corpo do paciente — contra cânceres letais do cérebro, do pâncreas, do cólon, ovário e pulmão. A companhia também dobrou o investimento em fabricação para esses tratamentos.

Esses esforços colocaram a Novartis em uma corrida contra a Juno Therapeutics, a Kite Pharma e a Bluebird Bio para dominar a tecnologia, parte de uma classe de tratamentos que aproveitam o sistema defensivo do corpo para atacar tumores. O alvo inicial da Novartis é uma forma aguda de leucemia em crianças, e a empresa espera obter aprovação da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) no início deste ano. Analistas estimam que o tratamento, CTL019, vai superar US$ 1 bilhão em vendas anuais em cinco anos.

“Esta poderia ser a imunoterapia mais eficaz já desenvolvida, e essa tecnologia ainda está em seus primórdios”, disse Jay Bradner, presidente dos Institutos Novartis para Pesquisa Biomédica, em uma entrevista na sede da companhia, na Basileia, Suíça.

‘Enorme investimento’

A Novartis está tentando acompanhar o ritmo de concorrentes como Merck & Co. e Roche Holding em imunoterapias contra o câncer. A companhia, que investiu cerca de US$ 9 bilhões no ano passado em pesquisa e desenvolvimento, tem mais de 30 ativos contra o câncer em desenvolvimento e está fazendo um “enorme investimento” em imuno-oncologia, de acordo com Bruno Strigini, CEO de oncologia da Novartis.

No entanto, surgiram dúvidas sobre o compromisso da Novartis com a pesquisa sobre CAR-T depois que a companhia afirmou em agosto que o trabalho já não seria realizado em uma divisão separada, uma reestruturação que incluiu 120 demissões.

O setor de CAR-T em si enfrentou uma dose de ceticismo: a possibilidade de empregar os tratamentos além de determinados tipos de leucemia e a viabilidade de fabricar em grande escala tratamentos tão personalizados contra o câncer ainda não foram comprovadas. Além disso, embora os tratamentos experimentais tenham mostrado resultados impressionantes, também provocaram efeitos colaterais graves e, em alguns casos, a morte.

Strigini diz que a Novartis está confiante em relação ao equilíbrio entre a segurança e a eficácia de seus tratamentos. O próximo passo será buscar autorização para o uso dos tratamentos CAR-T em pacientes com linfoma difuso de grandes células B, um tipo de leucemia que atinge um grupo maior de pessoas. É provável que isso aconteça por volta do fim de 2017, disse ele.

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