Novo governo alemão não fará concessões a Reino Unido por Brexit

Por Patrick Donahue.

Se o Reino Unido espera que o próximo governo alemão alivie as condições para se separar da União Europeia, vai se decepcionar.

A chanceler Angela Merkel enfatizou várias vezes que sua prioridade é manter a unidade dos outros 27 estados da UE, e as todas as pesquisas indicam que ela obterá seu quarto mandato em 24 de setembro, ainda que como líder de uma coalizão. Um estudo das principais plataformas partidárias mostra que todos os seus possíveis parceiros de coalizão também não estão inclinados a fazer concessões ao Reino Unido pelo Brexit.

O bloco encabeçado pela União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão) de Merkel destaca o setor pesqueiro alemão como um interesse central a ser defendido nas negociações da separação, e seu principal rival na eleição, o Partido Social-Democrata (SPD, na sigla em alemão) de Martin Schulz, adverte contra uma “Europa à la carte” para o Reino Unido.

“É do nosso interesse cultivar laços econômicos e políticos intensivos com o Reino Unido depois do Brexit”, afirma a plataforma do partido de Merkel, que defende que a meta deve ser conter os danos causados ao povo e à economia. “Mas também está claro: quem sair da UE não pode continuar aproveitando todas as vantagens do bloco.”

Poucas menções

O Brexit quase não tem sido mencionado na campanha da eleição federal na Alemanha. Mas os cinco partidos com alguma chance de entrar no governo são amplamente pró-europeus. A exceção é Alternativa para Alemanha (AfD, na sigla em alemão), que defende a saída da Alemanha da UE sob determinadas condições, mas como todos os outros partidos se recusam a cooperar, ele não poderá fazer isso.

“A maioria dos eleitores alemães ainda tem muita dificuldade para entender por que os eleitores britânicos decidiram abandonar a UE”, escreveram Christian Odendahl, economista-chefe do Center for European Reform, com sede em Londres, e a pesquisadora Sophia Besch, em uma nota. “Eles não conseguem ver como é que sair de um clube de países democráticos com mentalidades semelhantes dá mais controle ao Reino Unido.”

Perspectiva

A posição do novo governo será determinada pelos partidos que formarem a coalizão. A CDU/CSU de Merkel está posicionada para encabeçar o governo, com 37-39 por cento de apoio nas pesquisas realizadas nesta semana, seguida pelo SPD, com 22-24 por cento. O Partido Democrático Liberal (FDP, na sigla em alemão), pró-empresarial, tem 8-9 por cento, e os Verdes têm 6,5-8 por cento. Todos os três partidos são possíveis parceiros de coalizão para Merkel e, pelo menos teoricamente, o SPD também poderia se aliar ao partido anticapitalista A Esquerda, que tem 9-10 por cento de apoio. O AfD, um partido anti-imigração e eurocético, tem 8-10 por cento.

Os dois partidos menores com mais chances de se unir a um governo dirigido por Merkel – o FDP e os Verdes – são ainda mais duros com o Reino Unido: eles aprovam a franqueza dos eleitores da Escócia e da Irlanda do Norte que rejeitaram o Brexit no referendo do ano passado e lhes oferecem a possibilidade de permanecer na UE.

“Caso eles decidam abandonar o Reino Unido, as portas da UE deveriam continuar abertas – bem como para o Reino Unido”, afirma o FDP em sua plataforma.

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