Novo Nordisk tenta se recuperar combatendo diabetes e obesidade

Por James Paton.

A Novo Nordisk tem um medicamento novo e potente com o qual o CEO Lars Fruergaard Jorgensen conta para curar a empresa farmacêutica.

O tratamento experimental, chamado semaglutide, deverá chegar ao mercado no ano que vem como uma injeção para o diabetes. Mas este é apenas o primeiro passo do plano de desenvolvimento da Novo Nordisk: seus cientistas estão trabalhando em uma versão do medicamento mais amigável para os pacientes, em comprimidos, que poderia chegar às farmácias em 2020. Eles também estão testando o produto para um tipo de doença hepática, um mercado que, segundo alguns analistas, poderá render US$ 35 bilhões por ano em receitas, e também para a obesidade.

Como medicamento para emagrecer, apenas, seu efeito pode se aproximar dos resultados obtidos por meio da cirurgia bariátrica, disse Jorgensen em entrevista. As vendas anuais do medicamento poderão subir para quase US$ 10 bilhões na próxima década, mesmo antes de levar em conta seu uso potencial como tratamento contra a obesidade, segundo estimativas da Nordea, oferecendo um impulso extremamente necessário para a empresa dinamarquesa. Apenas um medicamento de toda a indústria farmacêutica excedeu esse patamar no ano passado.

O semaglutide é “o caminho para a salvação da Novo”, disse Peter Verdult, analista do Citigroup em Londres. A simples possibilidade de ser a primeira farmacêutica a transformar uma injeção desse tipo em comprimido seria “monumental”, disse ele.

A aposta da Novo Nordisk em várias formas de insulina impulsionou suas receitas e o preço de suas ações durante anos devido ao aumento do número de pacientes que precisam do hormônio para controlar o nível de açúcar no sangue. Mas ultimamente, em meio à concorrência acirrada e à pressão sobre os preços, a dependência da Novo Nordisk em relação aos medicamentos para o diabetes, que respondem por 80 por cento das vendas, mostrou-se dolorosa. A companhia perdeu um terço de seu valor de mercado nos últimos 12 meses, reduziu suas projeções de crescimento dos lucros pela metade e tem enfrentado uma resistência crescente aos preços mais elevados.

Imitando hormônios

O semaglutide é um dos medicamentos mais promissores de uma classe de tratamentos inovadores contra o diabetes conhecidos como GLP-1 por sua capacidade de imitar um hormônio com esse nome. Ele também poderá enfrentar desafios em relação ao preço, e diferentemente do rival Trulicity, da Eli Lilly & Co, ainda é experimental: os órgãos reguladores ainda não o aprovaram. A Novo Nordisk planeja o lançamento para o início do ano que vem e vê o remédio como um trampolim para novos territórios em um momento em que fornecer inovações no campo do diabetes se torna mais difícil.

As três doenças na mira da Novo Nordisk não são completamente desconectadas entre si. A esteato-hepatite não alcoólica é uma forma de inflamação e dano hepático causado pelo acúmulo de gordura — e como está ligada à resistência à insulina, base da forma mais comum de diabetes, tende a responder aos mesmos medicamentos. A doença é mais prevalente também em pessoas obesas ou acima do peso.

“Anos atrás, éramos uma empresa de insulina”, disse Jorgensen, que assumiu o cargo de CEO no início do ano. “Agora somos também uma empresa de GLP-1, e o GLP-1 nos levou à obesidade e agora, possivelmente no futuro, para a esteato-hepatite não alcoólica. Ou seja, estamos nos diversificando.”

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