Novos gasodutos no México não resolvem problemas de EUA com gás

Por Naureen S. Malik.

Um grande gasoduto foi inaugurado nesta semana no México após quase dois anos de atraso. Esta é uma boa notícia para os perfuradores do outro lado da fronteira que buscam um mercado maior para o gás natural extraído da Bacia do Permiano.

A má notícia é que o conduto não atingirá sua capacidade total enquanto as novas usinas elétricas que ele abastecerá não acabarem de ser construídas. Além deste, outros dois gasodutos que foram inaugurados recentemente estão transportando quantidades mínimas de gás.

Sejam bem-vindos ao intermitente mundo da energia do México.

Recentemente, o México criou “uma ponte para lugar nenhum” para a oferta de gás dos EUA, disse Esteban Trejo, analista da Genscape em Boulder, Colorado. “É só mais um exemplo de gasodutos inaugurados onde não há demanda.”

A linha de US$ 1,2 bilhão da TransCanada, que tem 557 quilômetros e vai de El Encino até Topolobampo no litoral, foi ativada oficialmente na segunda-feira, cerca de 700 dias após a data programada originalmente. Ela é uma das várias inaugurações previstas para este ano no México, há tempos vistas como uma saída para os perfuradores na Bacia do Permiano, que buscam maior facilidade para levar seu gás natural ao mercado em um momento de auge da produção, em que os gasodutos construídos há anos estão cheios.

Esta solução está chegando com uma lentidão angustiante. Juntos, os novos gasodutos tiveram um atraso médio de 415 dias em relação às datas de finalização agendadas originalmente. Ao mesmo tempo, a quantidade de gás natural transportada pelos poucos gasodutos que já ficaram prontos é bem menor que sua capacidade projetada.

Quanto menor? Hoje o México importa em média 118,9 milhões de metros cúbicos por dia, cerca de 175,5 milhões de metros cúbicos menos do que o país poderia importar só com a infraestrutura atual, segundo dados da Bloomberg NEF e da Genscape. Isto ocorre em um momento em que a produção diária de gás no oeste do Texas e no Novo México deu um salto de 25 por cento, para uma média de 302,9 milhões de metros cúbicos por dia em julho em relação ao ano anterior.
Contudo, há esperança para o futuro.

Se não houver mais atrasos, os nove gasodutos programados para inaugurar neste ano e no ano que vem oferecerão uma capacidade combinada de 271,8 milhões de metros cúbicos por dia, o equivalente a 11 por cento da produção total de gás dos EUA, segundo dados do Ministério da Energia do México, da Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) e da TransCanada.

Esses projetos “serão um alívio para a produção confinada no Permiano” e aumentarão as exportações totais de gás dos EUA para o México para 141,5 milhões de metros cúbicos por dia, disse Victoria Zaretskaya, analista da EIA em Washington, por e-mail. “Na segunda parte do ano, projetamos o começo da etapa essencial nas exportações dos EUA para o México por gasoduto, quando mais gasodutos forem encomendados no lado mexicano.”

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