Por Anousha Sakoui.
O lapso de tempo entre a estreia de um filme nos cinemas e seu lançamento em vídeo provavelmente diminuirá — já neste ano.
Executivos de redes de cinema e e de estúdios cinematográficos encontram-se nesta semana em Las Vegas para uma reunião anual e a mudança iminente no setor estará muito presente na cabeça dos presentes. Os donos de salas de cinema há muito resistem à ideia de permitir que os estúdios lancem filmes diretamente aos consumidores menos de 90 dias após os filmes chegarem nas salas de exibição, mas a realidade está começando a se impor.
Em 2016, as vendas de DVD caíram quase 10 por cento, para US$ 5,49 bilhões, de acordo com a Digital Entertainment Group, mas o setor de entretenimento em casa como um todo cresceu 1,4 por cento, graças ao streaming e às vendas digitais. Os estúdios obtêm uma margem de lucro mais alta com as vendas digitais e prefeririam disponibilizar seus filmes antes, em vez de deixá-los nos cinemas durante semanas gerando retornos cada vez menores. Um período mais breve também poderia ajudar a reduzir os gastos em publicidade, eliminando a necessidade de uma campanha separada para os aluguéis em casa.
Uma solução é cobrar dos espectadores uma taxa mais alta pela oportunidade de ver um filme em casa poucas semanas após a estreia nos cinemas — o que se chama janela de vídeo sob demanda premium (PVOD, na sigla em inglês). Entre os grandes estúdios, Universal Pictures, Warner Bros. e 20th Century Fox têm se expressado mais publicamente sobre esta abordagem. Os executivos estudam aluguéis com preço em torno de US$ 25 a US$ 50, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.
“Nossa posição aqui é que acreditamos que as janelas cinematográficas devem mudar em 2017”, disse Robert Fishman, sócio sênior da MoffettNathanson, em uma entrevista. “Atualmente nós só estamos esperando o anúncio.” Ele estima que as partes vão acabar concordando com uma taxa de aluguel de US$ 30.
AMC Entertainment Holdings, Regal Entertainment Group e Cinemark Holdings, as maiores proprietárias de cinemas dos EUA, afirmaram publicamente nos últimos meses que estão abertas a conversar com os estúdios sobre a criação de uma janela PVOD. Em anos anteriores, os cinemas impediram os experimentos dos estúdios boicotando seus filmes. Mas as redes de cinemas reconhecem que a pressão sobre os estúdios é excessiva e agora estão tentando chegar ao melhor acordo possível para elas, disse Fishman.
O setor registrou um começo de ano forte na América do Norte, porque filmes como “A Bela e a Fera”, “Logan” e “Kong: A Ilha da Caveira” se saíram melhor que o esperado. No ano passado, a bilheteria nos EUA e no Canadá cresceu 2 por cento, para US$ 11,4 bilhões, mas o público se manteve estável, de acordo com a Motion Picture Association of America. No entanto, os filmes com grandes orçamentos continuam sendo empreendimentos arriscados, com custos promocionais pesados, por isso os estúdios estão buscando meios de extrair mais lucros.
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